Sometimes I feel so sad
Sometimes I feel so happy
But mostly you just make me mad
Baby, you just make me mad”
(Pale blue eyes – Marisa Monte)
Não ando muito inspirada ultimamente. Engraçado. Sinto que tem, de fato, um monte de coisas acontecendo nas quais tenho participação intensa, mas, ao mesmo tempo, parece que não há nada de novo. Nada de muito especial, tudo meio vazio, meio seco, meio gelado. Tudo “meio”. Acho que é este o problema. Nada de muito interessante acontece. O máximo de coisa interessante que tem acontecido na minha vida tem sido uma aula cá, um curso acolá, um elogio, um jogo, um sorriso cordial no meio do corredor e assim por diante. Nada muito suficiente. Continuo insatisfeita com alguma parte da minha vida que eu apenas consigo imaginar qual seja. As outras partes estão indo bem, obrigada. Não falo mais sobre nada além destas, aliás. Tem uma festa hoje, outra amanhã, outras tantas no final de semana, mas o cansaço, muitas vezes, me impede e minha cama não me chama, ela grita por mim. A televisão nem é mais atrativo para me manter acordada. Telefonemas? Meus amigos me cobram aos montes, mas nem quero falar no telefone. Não tenho vontade. A não ser quando me ligam e, mesmo assim, prefiro combinar de encontrar a pessoa... bem mais fácil. Ou não. Nunca dá tempo. Queria encontrar todos meus amigos de verdade que não vejo há tempos, mas não dá! Ando com preguiça. Preguiça de mim e da minha vida louca que eu mesma escolhi pra mim. Uma vez me disseram (e tem uma pessoinha fuçadora que vai se identificar neste ponto) que eu não tinha qualidade de vida. Pois bem, talvez na época não tivesse mesmo. E, vou mais além, talvez eu não tenha até hoje, mas esse é meu modo de viver desde os meus sete anos. Um modo frenético, cheio de vai-e-vens, non stop, dia-e-noite-noite-e-dia! Acorda, se joga pra fora da cama e vai.. vai pra academia, pro trabalho, pro fórum, pra faculdade, pra biblioteca, pra reunião, pra casa, pra terapia, pra manicure, pra casa da vizinha fazer depilação... e tudo tem que ser rápido, muito rápido. Nada de ficar parada no trânsito sem fazer nada! Pelo contrário... neste tempo em que perco dentro do carro, passo a pouca maquiagem (nada de ir toda rebocada ao trabalho), penteio o cabelo, leio o Metro News, vejo o Destak de relance, reparo pouco nas pessoas à minha volta e, desta forma, chego loguinho, loguinho. E às vezes da preguiça de trabalhar, mas a mesa fica aos gritos me mostrando tudo o que ainda tenho que fazer...
Talvez essa seja minha vida numa visão bem reducionista e descomplicada, mas é assim mesmo que eu me vejo: fazendo tanto e, ao mesmo tempo, fazendo nada!
Ai, ai... acho que nunca parei pra ver minha vida cotidiana por este ângulo.. e, pra falar a verdade, não acho que esteja fazendo bem a mim mesma, afinal, já estou dando “bom dia” ao chegar na faculdade, quando, na verdade, queria dizer “boa noite”...
E a vida vai passando...