"Dezembro na pateira" de Álvaro Roxo |
Queria que tudo isso passasse e que a leveza voltasse. Anda se sentindo pesada e, ao mesmo tempo, de mãos atadas. Seus gritos ficam sufocados pelas minhas amordaças. E precisa se calar por fora e se ouvir por dentro. É mais que um desejo, é necessidade.
Sente-se presa naquele mundo que ela mesmo criou. É como se tivesse parado no tempo e não descobrisse a causa que a acorrenta em atitudes repetitivas. Quando se dá conta de que o comportamento apenas se repete, já é tarde demais. Recai sobre os mesmos erros, os mesmos julgamentos, as mesmas infantilidades. As mesmas burrices. E por que precisa ser tudo o "mesmo"? E por que tudo de novo?
Precisa voltar a aprender a aquietar a mente. Esquecer e se deixar esquecida. De (deixar de) fazer certas coisas. Desespero e ansiedade machucam e são tolices da humanidade. São, sobretudo, suas tolices incontroláveis.