(*) arquivo pessoal, 2017 |
Um novo ano se inicia, mas, para ela, tudo continua no mesmo lugar. Tenta se levantar, mas a cabeça pesa; o corpo não responde. O coração palpita. Tenta se reorganizar, organizando contas, relendo cartas antigas, jogando fora papéis e objetos. Dorme, assiste filmes, se espreguiça, lê, tenta ordenar os pensamentos, chora, acende velas. Molha as plantas. Se isola do mundo, se isola de tudo. A vida anda morna demais, chata demais, sem graça demais e ninguém vai entender.
A verdade é que ela não quer lidar com nada e nem com ninguém. Não quer falar e também não quer ouvir. Quer pensar, sozinha, sobre o que fazer, qual passo dar e como será daqui pra frente. Quer ser mais leve, menos exigente, mas só consegue se apegar cada vez mais nas miudezas do dia-a-dia. Fica triste, desolada... frustrada. Não entende os porquês. Respira.
Sente-se perdida. Quer encontrar respostas, possíveis caminhos. Quer leveza e sabedoria. Quer encontrar o que a fará feliz sem que haja prazo de validade. Não se importa em ir ou em ficar, desde que seja a melhor saída para a sua vida. Está em uma busca infinita - mais interna que externa -, procurando encontrar o que realmente alimenta a sua alma, o que faz sentido, o que lhe traz o mínimo de equilíbrio.
Precisa de espaço. Precisa de silêncio. Quer enfrentar seu caos, frente a frente, sozinha. Arranja forças para continuar na estrada, mas no seu tempo, do seu jeito. Quer tentar ouvir e absorver todo o seu barulho interno. Quer (re)começar, de alguma forma, a caminhar com as suas próprias pernas.
Sentada na sua poltrona chora mais um dia.
Precisa de espaço. Precisa de silêncio. Quer enfrentar seu caos, frente a frente, sozinha. Arranja forças para continuar na estrada, mas no seu tempo, do seu jeito. Quer tentar ouvir e absorver todo o seu barulho interno. Quer (re)começar, de alguma forma, a caminhar com as suas próprias pernas.
Sentada na sua poltrona chora mais um dia.