Confesso que tenho inveja das pessoas. Não das pessoas, mas de algumas delas. E não uma inveja feia que quer o que as pessoas têm, mas uma “inveja boa”, se é que ela existe... uma inveja de ser mais independente e liberta dos meus preceitos. Ou melhor, dos preceitos que me foram incutidos de alguma maneira. Inveja de ser mais segura, menos ingênua... de saber o que eu quero e não ficar com medo do que os outros vão pensar. Aliás, quem são esses outros e por que eles têm tanta importância mesmo? Não me entendo. E aí, fico sentindo aquela pontinha de inveja por ser tão auto-piedosa quando, na verdade, eu deveria conseguir enxergar o que há de verdadeiro em mim e agradecer por isso ao invés de colocar embaixo de todos.
Acabo por ter inveja – o mesmo sentimento que eu abomino – porque ao mesmo tempo que eu não quero ter determinadas atitudes, eu sofro por dentro para não tê-las. Sei que tais pensamentos não são verdadeiramente meus, mas sim de outros, mas, ainda sim, por quê tão intrínsecos? Por que tão presos a quem eu sou?
Ando confusa e em crise existencial. Não sei se devo a culpa de tudo isso à maldita volta de Saturno ou se devo tudo isso à mim mesma, no maior estilo “parabéns, você anda conseguindo se autodestruir um pouquinho por dia”.
Paciência.
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