Naquela manhã algo estava diferente. Algo havia mudado. As grandes janelas davam espaço para os primeiros raios de sol invadirem de mansinho a sala para as visitas. Era uma fria manhã de inverno como outra qualquer. A ampla sala branca tomava emprestada a cor dos raios de sol. As cortinas se entreolhavam envergonhadas com aquela "invasão" e, ao mesmo tempo, abriam caminho para a luz entrar.
Por: Emília Duarte |
Sentia-se feliz, como há muito não se sentia. Assim como os raios de sol invadiam aquela sala onde apenas dois corpos se manifestavam de uma maneira carinhosa, se deixou invadir outra vez. Os sentimentos eram bons, eram puros. Não tinha mais o porquê esperar. Não tinha mais o porquê se fechar.
Porque, no fim, tudo passa. Às vezes leva um tempo maior, mas passa. A vida, as pessoas, os momentos, tudo passageiro. Algumas coisas se tornam mais marcantes, outras menos. A própria memória acaba se encarregando em varrer o que já não serve mais e abrir espaço para o novo. Os sentimentos vão se desfazendo no seu tempo e sob suas próprias condições.
E, assim, naquela manhã como outra qualquer, ela se deu conta: estava livre outra vez.
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