Wednesday, May 18, 2011

Se eu peco é na vontade...

(*) Foto por Miguel Lucena: "I saw the light"
Fui convidada a entrar sem saber aonde exatamente eu estava entrando. E com quem estava lidando. Eu, ingenuamente, fui colocando um pé após o outro, reconhecendo o local. Tateando um móvel aqui, pisando em um chão variável, ainda sem muita firmeza, mas fui me deixando levar aos poucos. Sempre com o pé atrás, sempre achando que não era comigo.

Sob um pretexto besta, nos encontramos ali e, de repente, já conversávamos como se íntimos fôssemos. Horas ininterruptas e muitas palavras trocadas. Há tempos não conhecia alguém assim interessante. Nem percebemos que continuávamos a falar sem parar, andando para uma mesma direção, desvendando juntos as diversas paredes que ali estavam até então. Até então.

E depois de tantas palavras e incertezas, consulta às amigas e o apoio incondicional destas, fiquei um pouco mais segura, um pouco mais "entregue" à toda aquela brincadeira. Ele foi promovido de ilustre desconhecido (ou conhecido de longe) para o interessante e novo encanto. Não abandonava seu posicionamento... avançava um passo a cada momento. Um passo forte e, até então, certo. 

No entanto, nem sempre as escadas são lineares. Algumas podem ser tortuosas. Nem sempre as paredes são o que parecem. Algumas podem ser secretas. E os espelhos... ah, esses ficam nos espiando ao longe, esperando o primeiro passo em falso. O fato é que as verdades foram verdades até que a omissão do principal veio à tona. Até então, era tudo novo, bonito e sem culpa. Sem querer, percebi que fui convidada a entrar, na verdade, em um vão entre duas paredes que, até então, parecia que estava ali. Um longo vão que, num primeiro momento, parecia largo demais. Eu via pequenas rachaduras em, pelo menos, uma daquelas paredes, mas não conseguia enxergar a outra. Talvez tenha fantasiado rachaduras para excluir a culpa de ter aceitado a continuidade da brincadeira primeira. Para, talvez, resgatar os encantos que eu havia descoberto no outro. Mais uma vez, me enganei, o vão era apertado demais para mim.

Entrei como terceira e sou apenas a terceira, estranha àquela casa, estranha àquelas vidas, estranha àquelas histórias. Resolvi, então, fechar as portas sem querer olhar para trás. Acho que é melhor deixar tudo ali e seguir a estrada oposta, assim não terá como retornar e errar um pouco mais.


... de ter um amor de verdade.


Saturday, May 14, 2011

Catavento

Parece que parei no tempo. Ou que a vida já passou no trem das 8:00hs e eu fiquei na plataforma esperando o próximo trem que não chega. Parece que por mais que eu corra e não tenha tempo para praticamente nada, ainda sim, o tempo sobra nas minhas mãos e aí, fico sem saber o que fazer dele. Olho para um lado e para o outro e não sinto mais as vontades de antes. Sinto outras, porém inalcançáveis. Vou deixando o tempo me levar pelas mãos e me guiar pelos caminhos, sem um rumo definido, sem ter controle sobre nada.

É como um catavento. O vento assopra e vai empurrando cada parte da nossa vida. Empurra, empurra, mas continuamos sempre no mesmo eixo. Em determinados momentos, o vento é rápido e contínuo e trabalhamos a todo vapor. Sabemos o que fazer, pra onde ir, fazemos planos que nem sempre se concretizam, mas que ao menos existem de alguma maneira. Em outros momentos, entretanto, o vento sopra devagar e lentamente e sentimos o peso de cada passo, cada decisão, cada escolha. O ritmo se torna espaçado, entramos em dúvidas que se tornam em saudáveis pensamentos. Por fim, há simplesmente os momentos em que o vento não chega e ficamos estagnados com o que temos. Nada de expressivo acontece e vamos vivendo um dia após o outro sem saber muito bem para onde estamos indo. Aparentemente aquela parcela que deveria ser empurrada para frente, não é. E ficamos ali... naquele mesmo lugar, procurando qualquer sarna que seja para se coçar e encontrando apenas o nada.



(*) Foto do site www.cacareco.net 

Sunday, May 01, 2011

"I wonder what it is all about"


A inspiração está indo embora junto com a vontade. A vontade não é mais sentida diante de diversas coisas. Fico me sentindo perdida ao ver que os valores do mundo são tão diversos e distantes dos meus. Acabo fazendo coisas guiadas pelas palavras alheias e não pela minha verdade interior. Vejo que quanto mais as pessoas se tornam mesquinhas, irônicas e grotescas, mais elas têm valores agregados pelos outros com quem ainda me importo e nem sei bem o porquê.

E o resto, aonde fica? Perdido por aí sem saber o que fazer. No fim, me coloco em um lugar que me guia para as coisas do dia-a-dia, e me torno uma pessoa com menos vontade de se envolver com qualquer que seja. A paciência chegou ao limite e a vida passou apenas a ser vivida, sem grandes emoções, sem paixões inusitadas, sem frios na barriga. O romance não existe mais... e continua errando, errando como sempre. Aparentemente, só existe o desejo (dos outros) e a carência (sua, sempre sua), mas os sentimentos passaram a ser ultrapassados.

Conto os dias para que eles passem (ainda) mais rápidos, sem qualquer pretensão. Os planos deixaram de existir há algum tempo, afinal, nada que se planeja sai da maneira como queremos e vou deixando a vida dar a sua cor aos meus olhos cinzentos, do jeito que ela quer: coloca e tira todas as pessoas no meu caminho como marionetes fossem, apenas para me divertir por um espaço curto de tempo.

"I wonder what it's all about
Everything I know is wrong
Everything I do it just comes undone
And everything is torn apart"