Monday, June 18, 2012

Sopro de solidão

(*) "Becos de Lisboa", por Álvaro Roxo
Meio sem rumo, ela continua naquele caminho. Não sabe mais se está fazendo tudo certo, tudo errado ou tudo mais ou menos. Simplesmente não sabe. Os olhos se enchem de lágrimas quando pensa na sua vida e não entende o porquê se sente assim. E pensa mil coisas, "x" possibilidades, e por que não em mudanças? Mas seus olhos turvos nada enxergam.

A tristeza vai invadindo seu coração como um punhal que corta as peles aos poucos e vai adentrando tudo aquilo. Nada mais a surpreende, nada mais a anima. "Ao menos tem isso ainda...", pensa sobre a única coisa que lhe tem dado prazer e que mal tem tempo e disposição pra fazer. Quando consegue, se joga em um mergulho sem fim, como se a piscina fosse tão funda cujo fundo nunca chegaria. O cansaço, porém, muitas vezes, a interrompe e arranca as suas forças com as duas mãos... já não sente mais nada além da tristeza. As energias se esvaem de sua carne e se sente fraca, impotente.

Os ventos mudam de direção, mas ela continua ali sentada. Nada acontece, nada a anima. Como se não bastasse a própria inércia, as pessoas passaram a decepcioná-la sem qualquer vergonha. E ela ainda esperava: esperava mais carinho, compreensão, consideração, mas nada disso vale. Nada disso existe mais. E ela ainda se deixa decepcionar, se abater com essas esperanças tolas. Não se conforma com as coisas.

Sente-se só, mesmo estando rodeada de gente. Brinca com um, joga conversa fora com outro, pergunta coisas bobas e, no final do dia, volta para o mesmo lugar. Nada a preenche. Nada resolve. Apatia.

Queria voltar ao "normal"... voltar a sorrir com vontade, a se sentir verdadeiramente feliz e não deixar que os sentimentos estranhos entrassem em seu caminho. Queria deixar o vento vir na sua direção, sem medo, e espantar toda a tristeza. Espantar essa tal de solidão.