Friday, July 27, 2007

* In the middle of nowhere *

Completamente descontrolada ela pega um táxi e sai. Sai de casa impacientemente como se procurasse uma resposta, uma forma de reverter a situação já crítica. Não sabe o que fazer, pra onde ir... quer correr, mas se sente fraca. Quer gritar, arrancar os cabelos... quer sair correndo e fugir. Fugir para longe. Para um lugar onde não conheça ninguém. Onde jamais seja encontrada. Um lugar onde não exista qualquer conexão com qualquer pessoa que a conheça. Que não tenha família, amigos. O taxista corre, mas não tem direções definidas. Apenas vai. Vai aonde as palavras o guiam. No entanto, não há palavras ou gestos. Um olhar desesperado é encontrado no retrovisor. As lágrimas escorrem e o vento continua a bater. Não há o que dizer... apenas sentir o desespero saindo pelos poros do rosto dela. Ela, por sua vez, não quer falar, quer apenas manter-se em seu mundo, seu universo paralelo. Sua vida é estranha. Não há emoção, não há amor, não há sentimento. Não há nada. Acabou. O que havia sumiu. Sumiu como um passe de mágicas e foi levado junto com as cinzas de seu corpo morto. Acabou. Ela sentiu uma apunhalada e não sabe sequer da onde veio, só sabe que a sentiu em algum lugar do seu corpo frágil e cansado. Cansado de lutar e de reagir contra os outros.

Tuesday, July 24, 2007

* Cinzas *




E ela se sentava na sala. Acendia mais um cigarro, encostava o seu dedo maior da mão no queixo e pensava. Pensava como a sua vida era miserável, como era difícil depender dos outros, como era complicado servir, servir, servir para nada ganhar. Nem ao menos um elogio. Havia conquistado aquele espaço a duras penas, mas que espaço exatamente era aquele? A casa onde morava era exatamente como havia sonhado. Só não havia sonhado com um banheiro problemático, infiltrações nas paredes, problemas nas janelas, nas fechaduras das portas e assim por diante.
Havia sonhado com um marido perfeito que daria tudo a ela, mas não saberia que isso implicaria em ele ter que sustentar não somente ela e seus filhos, mas sua mãe, seu pai, seu restante familiar. Não sabia que isso implicaria em tantas brigas e tantos falatórios indevidos... xingamentos infindáveis e lágrimas a escorrer.
Havia sonhado que teria uma família perfeita. Filhos que sempre estariam ao seu lado não importando o que acontecesse, aos quais ela daria a vida se fosse preciso para que eles apenas fossem felizes.
Batia as cinzas no cinzeiro, enquanto mais uma lágrima escorria.
Nada de palavras dóceis vindas da sua mãe, apenas críticas duras e, na maioria das vezes, injustas.
Ela estava perdida mais uma vez, sem razão para viver. Seus filhos cresciam, seu casamento já não existia há muito tempo. Tudo girava em torno do dinheiro, da dor, do sofrimento e da angústia. Cada um seguia seu caminho, mas qual caminho ela seguiria, sendo que não havia estrada alguma a sua frente?
E doía o seu coração. Doía o não saber, o não entender, o não ter.
Ela queria continuar vivendo no seu mundo cor-de-rosa criado por ela mesma, mas, por fim, percebeu que ele já havia desmoronado há muito e que nada voltaria a ser como era antes. Aliás, será que o antes era mesmo um lugar feliz? Provavelmente não, mas ela prefere acreditar que sim e se agarrar a esta única lembrança.
Agora tudo é preto e branco. Na verdade, mais preto que branco, sem volta, nem perspectiva.



Friday, July 20, 2007

* Like an angel *


“You must be an angel
I can see it in your eyes
full of wonder and surprise
and just now I realize”

(“Angel” – Madonna)

Anjos podem ser de todos os tipos. Podem ser criaturinhas adoráveis enviadas diretamente dos céus para te acompanhar todos os dias. Podem ser espíritos que circulam por aí a fim de ajudar os mais necessitados. Podem ser pessoas de carne e osso, "demasiadamente humanas", cheias de amor para dar e ombros e ouvidos a oferecer.

Eu tenho uns vários anjos e acredito que eles sempre aparecem quando mais preciso... seja para me aconselhar, brigar, puxar minhas orelhas, me dar colo, me ouvir, me divertir... enfim, para “n” coisas eles estão sempre lá, prontos para me ajudar.

São anjos pelos quais rezo todas as noites para que sejam cada dia mais abençoados por alguma força divina que venha a existir e que estes sejam cada vez mais iluminados e encontrem sempre seus respectivos caminhos para a felicidade.

Uns já o encontraram. Outros ainda o estão a buscar. Talvez seja uma busca incessante que quando chega ao seu fim, traz a paz e a calma no coração e a certeza de que este foi o melhor que poderia ser.

Meus anjos humanos de carne e osso são pessoas vividas, cheias de histórias interessantes, de diferentes idades, sexos, cores e amores. E as pessoas lindas e especiais vêm e vão das nossas vidas assim, como num passe de mágica. Algumas se despedem, outras apenas dizem um “até breve” e outras, simplesmente, saem de cena, sem sequer dar adeus.

Há pessoas que aparecem para ficar para sempre, outras por apenas um curto período de tempo, porém, mesmo neste curto período, têm muito a ensinar e a aprender com o outro, afinal a vida é cheia de aprendizados todos os dias...

As pessoas que me cercam e que realmente me desejam o bem são pessoas lindas em todos os sentidos e mesmo eu encontrando tantas outras no meu caminho o que é natural acontecer, estas já têm espaço certo dentro do meu coração.

Thursday, July 19, 2007

* Falling into pieces *

Um avião cai no meio da cidade grande. O caos se estabelece (ou aumenta?). O trânsito que já é grande conhecido dos cidadãos da cidade piora afinal, o aeroporto está localizado em meio às grandes avenidas. Chamas para todos os lados. Resgate, bombeiros, curiosos, corpos... corpos mortos, carbonizados, quebrados, machucados... corpos. Será que as coisas acontecem por um acaso ou será que elas servem justamente para mostrar que assim do jeito que está não dá mais? Não dá mais para agüentar uma infra-estrutura xinfrim qualquer num aeroporto localizado em uma das cinco maiores cidades do mundo. Não dá pra agüentar um acidente com um avião simplesmente porque a pista estava escorregadia, pois as reformas não foram feitas da forma como deveriam. Não dá pra agüentar um monte de político corrupto roubando dinheiro aos montes, enquanto a infra-estrutura de uma cidade inteira só tende a cair aos pedaços. E aí é que eu te pergunto: e quem paga por tudo isso? A gente, óbvio. Cada um dos “peixes grandes” tem o seu aviãozinho particular para “relaxar e gozar” à vontade enquanto os trouxas aqui que pagam imposto atrás de imposto, que precisam, muitas vezes, viajar de um lado para o outro à trabalho, têm que enfrentar os aeroportos lotados como se já não bastasse a lotação da própria cidade em que vivem, a qual, daqui algum tempo, não terá mais espaço sequer para andar de carro ou transporte púbico.
Sabe o que mais? Não dá pra agüentar essa porcaria, mas também, quem tem interesse de fazer alguma coisa? Tem alguém aí que quer ir lá pra Brasília brigar por o que lhe é de direito? Tem alguém aí que está a fim de entrar em greve para as melhorias dos aeroportos? Tem alguém aí com alguma solução mágica para todos esses fatos que temos vivenciado dia-após-dia?
Uma triste tragédia.
Mais um avião caiu. E a cidade indo com ele.

Wednesday, July 11, 2007

* Os cafajestes também casam *

Imagine um cara alto, bonito, de olhos encantadoramente verdes, corpo escultural, rico, bem-sucedido, inteligente, charmoso, sedutor, nos seus mais ou menos bem cuidados trinta anos casando-se. Bingo! Ele vai se casar.
Como pode o mesmo sedutor que já levou tantas menininhas à loucura (e outras nem tão menininhas assim) deixar o universo dos solteiros para entrar no time dos casados?
Ah, mas ele não me engana não. Aquela carinha esconde muitas coisas... aquele sorriso encantador anda deixando algumas coisas escondidinhas, pois, pra mim, isso só pode ser brincadeira.
Esse cara é o mesmo que ficou olhando o tempo todo pra você durante o último casamento onde se encontraram... e, pior, ficou olhando por cima da cabeça da namorada – atual noiva – na maior cara-de-pau do mundo? E quando ela foi ao banheiro? Ele parecia uma estátua... nem piscava, atraindo não só o seu olhar, mas os olhares ao redor, afinal, não estava sendo nem um pouquinho discreto e todos estavam percebendo o que acontecia....
É o mesmo cara que te ligou insistindo para que você saísse a todo custo com ele, sendo que você, simplesmente, não estava in the mood naquele dia específico??? Mas, claro, com todo o charme e a formosura do rapaz, você acabou não resistindo, não é mesmo? Ou resistiu? Claro que não.... te conheço...
É o mesmo cara que te ligou diversas vezes em horários impróprios só para “conversar” sobre o “nada”, te acordando ou fazendo você pular de susto? Ou, ainda, sugerindo para que você faltasse naquela aula chata na Quinta-Feira à noite a fim de se encontrar com ele?
É o mesmo cara que te mandou uma mensagem dizendo “Que pena que você não veio” em plena festa de comemoração do aniversário do seu pai (detalhe: e ele já estava com a namorada ao lado)?
É o mesmo cara que te tirou daquele lugar e te deixou completamente perdida entre o prazer e a loucura naquela noite em que apenas vocês dois eram os solteiros da festa inteira?
É o mesmo cara que não te ligou no dia seguinte, mas sim, meses depois e não acreditava em diversas coisas que (não) tinham acontecido na sua vida quando você se abriu com ele?!
É o mesmo cara que quando te (re)conheceu não acreditou quem você era, pois já fazia muito tempo e, desde então, você sempre lembrava daquele inesquecível par de olhos verdes e daquele olhar lançado sobre você naquele dia?
Pois sim... esses todos são o mesmo cara alto, bonito, de olhos encantadoramente verdes, corpo escultural que vai, definitivamente, se casar... uma loucura pensar nisso desta forma, mas a mais pura verdade. A noiva que não será você, obviamente, e você nunca nem tinha pensado nisso ainda mais com ele, deve estar muito feliz escolhendo seu vestido e sua festa para qual certamente você será convidada...
Ah, sim, meu bem, os cafajestes também casam!!

Thursday, July 05, 2007

* Brincadeiras e Verdades *


Então eu brinco com as palavras, com cada uma que vem e vai, e até com aquelas que estão aqui e ali por engano, voando feito borboletas a espera de uma redinha qualquer.
É, eu brinco, brinquei desde sempre consciente do poder que elas tem. Consciente do destino de construir e destruir com elas, consciente de que cada vez que vão não voltam mais. Consciente de que a proferida nunca mais é engolida.
Eu brinco com as palavras e brinco com as pronúncias e com a renúncia de um palestrante qualquer que mudou de idéia e não apareceu no dia da conferência. As palavras que não são ditas as vezes tem muito mais peso do que as vomitadas, então eu brinco com as palavras sabendo muito bem quais são as que me pertencem e quais as que não me cabem.
Eu brinco com as palavras como o vento brinca com meus cabelos enquanto subo no alto daquele morro sabendo que vou chegar à fogueira e que vou escutar algumas tantas que nunca antes me disseram. Eu brinco com as estrelas, cada uma de suas letras brilham no céu estrelado do meu discurso, eu brinco com as estações do ano como cada uma de minhas fases do mês.
Eu brinco com as palavras, com as minhas e com as suas e com todas aquelas que eu gostaria de ter inventado mas que inventaram antes de mim. E eu brinco com as palavras como os cataventos rodopiam coloridos, sem se importar com a direção na qual a brisa sopra.
Eu brinco, e brinco, e brinco e continuo brincando e brinco mais um pouco, mas eu não brinco com sentimentos. E acredite, sentimentos são palavras, então se não as digo é porque não as sinto.
Diferente de você.
(*) por Flávia Melissa

Tuesday, July 03, 2007

* Vibe positiva solta pelo ar... *


“Sintonize sua vibração
Não há tempo pra viver em vão
Em não pense mais em desistir
Existe um mundo que só quer te ver sorrir”
(Natiruts - Natiruts Reggae Power)
Nada como um dia após o outro.
Às vezes é preciso um “chacoalhão”, dormir e acordar uma outra pessoa. A noite é mágica e nos faz sonhar, ir longe, esquecer um montão de coisas ruins...
Tomei alguns empurrõezinhos ontem que me fizeram perceber que a vida está aí pra ser vivida... e eu quero vivê-la de forma plena e intensa. Viver cada vez mais e melhor e continuar do meu jeitinho, ou seja, não precisando fazer mal a ninguém para ser feliz. Nem fazer mal, nem falar mal.... apenas deixar que as coisas aconteçam da forma mais natural possível. E elas acontecem a todo tempo, sem que eu as perceba.
Ontem, também, percebi que há muito mais pessoas que se preocupam realmente comigo do que eu imaginava... muito mais pessoas que gostam de mim como eu sou realmente do que aquelas que não gostam. E isso me conforta um pouquinho mais. E isso me faz um pouquinho mais feliz.
Realmente é muito melhor ser alegre que ser triste, Vinicius de Moraes já o diria... Xô energia negativa. Quero viver a vida de boas vibrações e sentir novamente toda a felicidade que vive aqui dentro de mim, pois sim, ela está aqui dentro e quer ser compartilhada com os outros também...
Carpe Diem e sejamos todos muito felizes!

Monday, July 02, 2007

* Diving deep inside *


Quero mergulhar. Mergulhar para o fundo mais fundo da piscina e sair nadando. Nadando sem rumo. Sem destino. Quero sair deste círculo vicioso que me meteram. E quero acreditar que me meteram nisso e não que me meti sozinha.
O tédio me mata, me enoja, me martiriza. A clássica mão no queixo esperando por algo acontecer me fere. Irrita. Impacienta. As pernas não conseguem parar de balançar. Irritação. Impaciência.
Essa história toda me dá náusea, ânsia e por que, meu Deus, por que eu ainda tenho forças e coragem de alimentá-la? Que esquisito. Que mais sem explicação. Que sem saco.
E lá vem ele me cutucar no meu soninho bom. Não profundo, pois logo ele desperta e se espanta. Se espanta com a mesma coisa velha que sempre encontra ali. Nada muda. O sorriso, as caras e bocas são sempre os mesmos. Nada se altera. Tudo se copia naquela face que já bem conheci. E irrita. Irrita o olhar, o jeito de falar, de agir e de não enxergar.
Irrita o esconder. O fingir. O não falar. O omitir.
Tudo isso me irrita e me angustia... e se repete over and over again... Credo!