Tuesday, October 28, 2008

~ The way it should be ~


O final do ano vem chegando e, com ele, toda a parafernália de sempre. Vem tudo junto meio que pra sufocar, meio que pra testar teus limites, meio que pra ver até onde as coisas vão. E elas, simplesmente, continuam indo.
Estamos há menos de dois meses do Natal e as coisas típicas de final de ano já começam acontecer. Primeiro as luzinhas invadem as principais ruas comerciais, depois as árvores começam a ser montadas numa coisa meio que bolinha, pisca-pisca, enfeites e festões, presépios são espalhados e as compras intermináveis e assustadoras começam a ser feitas. Mesmo assim, o seu dia-a-dia não muda em nada, como se nada tivesse acontecendo.
Sem pensar muito, você liga o piloto automático e engata a primeira. Foi dada a largada. O sono é absurdo, pois seu cachorro que nunca late passou a latir a partir de domingo e ontem ele resolveu que às 3:00 da manhã era um bom horário. Bem embaixo da tua janela. Junto a isso, você não consegue acordar no seu horário normal, pois o tempo mudou, o trânsito mudou, sua canseira continuou e, mesmo pensando em desistir de tudo e ficar mais um ínfimo momento na sua cama, você se levanta - atrasada - e vai se arrastando até o chuveiro.
Como ficou parada horas no cabuloso montante de carros, você ainda consegue ler o jornalzinho gratuito que te entregam no começo da tua viagem. O jornaleco meio que te olha como quem diz: serei teu commpanheiro daqui pra frente! E você aceita, afinal, não tem mais nada o que fazer de interessante.
Pior que te ohar com a cara de sem-vergonha e você abrí-lo e descobrir que não há nada de bom: os preços tendem a aumentar, a bolsa logo logo vai quebrar com seus índices baixíssimos, o dólar sobe, a inflação piora, cabeças vão rolar logo no início do ano e por aí vai. Até a Amy-casa-de-vinho finalmente vai pra rehab, apesar de se negar até quase a morte. Aliás, segundo o jornalzinho existe um site onde as datas corretas à pergunta When will Amy Winehouse die? ganham um Ipod Touch. Pra você ver como o mundo anda "engraçado"...
Por causa do atraso e do acúmulo chamado trânsitocríticodefinaldeano, você pega o maior tráfego de carros no seu caminho e chega atrasada ao escritório. Delícia. Seu mau humor já escorre pelos fios de cabelo e você ainda tem que olhar para o lado e ver que nada diminuiu na sua mesa - mesmo agora que você mudou de lugar e ganhou mais espaço - pelo contrário, tudo aumentou: a quantidade de papéis, pendências, pastas, livros, post its everywhere... menos teu salário cretino. Mais uma vez, tudo "engraçado".
Junto com o final do ano, vêm também as provas finais, as preocupações de final de semestre, as entregas de trabalhos atrasados e, enfim, talvez, férias das aulas. O décimo terceiro também vem e será logo comido pelas suas dívidas, sua poupança já eras e seu dinheiro para a gasolina idem, mas tá tudo bem.
Enquanto isso, no reino de faz-de-conta, você finge que está tudo bem, toma um chacoalhão daqui, uma bronquinha de lá e vai vivendo.
Conhece alguém assim?
Don't feel lonely... it's just the way things shouldn't be!
(*) foto por António Rocha - Do you?

Sunday, October 26, 2008

~ Yoga ~

Comecei a yoga ontem. Primeira aula, alguns exercícios complicadinhos, mas saí de lá meio diferente.. meio leve, não sei. Saí refletindo sobre várias coisas da minha vidae percebi que não quero que as coisas continuem neste rumo automático e quase sem nexo. Quero que tudo volte a fazer sentido e que a revolução de sentimentos bagunçados passe logo, sem deixar rastros.
Acho que voltarei a pintar minhas mandalas.

~ Carta ~

Enviei uma carta para um endereço que ficou preso na minha cabeça desde que coltei de Londres. Não saía de jeito nenhum, então, decidi desmistificá-lo e enviar a carta de uma vez.
Ainda não consegui praticar o desapego total às coisas e muito menos às pessoas, por isso a carta.
Enviei há mais de três semanas e ela ainda não voltou para as minhas mãoes, ou seja, alguém a recebeu... só não sei quem foi!

Tuesday, October 21, 2008

~ Velhas arcadas ~



Estive na toda gloriosa na semana passada. Passei um dia inteirinho lá. Ao entrar, a primeira sensação é a de que eu pertenço àquele lugar. Sempre pertenci, não sei o porquê.
As arcadas me levam a um lugar diferente, um lugar que parece estar guardado entre as grandes escadarias e os vitrais cheios de cor.
A sensação foi indescritível. As grandes cortinas do salão nobre revestiam os meus sonhos sonhados de olhos abertos. Tudo era muito antigo, cheio de história, cheio de coisas escondidas...
E os meus olhos brilharam junto com as luzes.

Sunday, October 19, 2008

~ Being Cristina ~

É proibido sentir. Nada de sentimentos, nada de pensamentos, apenas a dureza, o desaconchego. Apenas ligue o automático e faça. Vá vivendo e percebendo o que há ao seu redor, mas sem ser sentimental sobre as coisas que se vê. Sem chorar, sem sorrir, apenas observar os fatos. Nada de tristeza ou alegria, pois não há tempo pra isso. Pensar, racionalizando mecanicamente, tudo bem. Desde que seja assim, não há problemas.
As máquinas estão dominando o mundo e o ser humano está se tornando numa máquina inconseqüente. Os dias passam e nem percebemos e não damos valor àqueles que realmente nos querem bem. Não há tempo pra isso.
Estamos nos tornando cada vez menos sentimentais, com menos cores, vivendo intensamente o que temos que viver e mais nada. Não se enxerga o que está ao lado e as necessidades do outro pouco importam, pois o que importa somos nós mesmos. Será?
Quanto mais eu sinto, mais fico jogada para trás. É como se eu fosse sempre passada pra trás numa fila interminável. As pessoas vão me empurrando e me deixando enquanto eu, com aquelacaradequemnãoentendeabsolutamentenada, continuo tentando ir pra frente na enchente.E quando racionalizo, tudo parece sair melhor. Quando eu me torno um pouco mais Cristina, as coisas vão indo bem, obrigada. Estranho isso, mas é assim que tem sido. Quando paro pra pensar nas coisas, os questionamentos não param de aparecer e tudo parece ser tão confuso que acabo me encrencando ainda mais. E tudo se embaraça, como um nó que jamais será desatado.

Sunday, October 12, 2008

~ Primeira semana ~

Não adiantou muito a bronca e nem o puxão - literal - na orelha. Nada foi feito nesta primeira longa semana: nem a yoga, nem a obrigatoriedade de sair do ambiente de sempre, nem os alongamentos.
Só a água de uma em uma hora, mas apenas durante os dias de semana.

~ Djavaneando ~


Por ser exato
O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim.
Fui Djavanear ontem... e o sintoma é de alegria novamente!

Sunday, October 05, 2008

~ Take care ~


Então ela veio ao meu lado. Pediu licença e sentou-se. Pediu licença outra vez e apertou com muita força a pontinha da minha orelha. Doeu. Muito. De arder. E as lágrimas não se contiveram, choraram-se sem parar. Escorriam no rosto com olheiras, cheio de pequenas pintinhas e marcas de cansaço. De quase exaustão. Respira... vamos, respira!
Apesar da dificuldade em fazer uma respiração mais longa e pausada, consegui. E depois de tantas lágrimas, ganhei um abraço, como prêmio por ter conseguido desabafar. Um colo que não questiona, que não fala, que não briga...
A vida vem me trazendo questionamentos de todos os tipos, inclusive o de largar tudo e ir morar na Índia. Ou no México. Ou em qualquer canto do Brasil onde não exista televisão, nem trânsito.
E ela lá ao meu lado, pegou na minha mão... Você está sem energia... meu Deus, pra onde foi todo aquele mulherão? Também não sei.
Neurotransmissores. Neurotransmissores. Neurotransmissores. Tudo assim, bagunçado mesmo. E antes de ser mandada ao psiquiatra e aos remédios tarja preta, melhor tomar água de uma em uma hora, fazer alongamentos e sair na hora do almoço. Pensar em coisas diferentes, esquecer um pouco das trezentasedozecoisas que estão urgindo na mesa pra fazer e viver. Passear, olhar vitrines, tudo sem racionalizar. Fazer a yoga que já era um projeto, agora será quase que uma obrigação.
Queria ver o mar, mas acho que este já me engoliu e eu nem percebi.