Saturday, December 31, 2011

O último de doismileonze

Clichê ao extremo. Mania e tradição de todo final de ano: cá estou eu com o meu balanço anual. Acho importante, acho natural, acho válido e acho, ainda mais, que é hora de pensar nos erros, acertos e tentar fazer algumas coisas diferentes.

Foi um ano cheio de términos e inícios. Término da segunda faculdade, da vida de estagiária, da representação dos alunos, da comissão de formatura. Verdadeiro início da carreira que escolhi para fazer durante um bom tempo da minha vida (dizer que é para o resto da vida é muito tempo e gosto de pensar que posso mudar quando achar que isso não é mais aplicável a mim). Início da vida real, dos planos mais concretos.

Neste ano foram diversos os momentos em que pensei em desistir. Acabei me deparando com muitas das minhas frustrações de uma vez só e percebi o quanto as pessoas podem ser mesquinhas, arrogantes e incompreensivas. Até aí, nenhuma novidade, afinal, todo mundo sabe que o mundo é injusto, algumas pessoas são escrotas, etc, etc. Mas ainda sim, é difícil de lidar com determinadas situações em que você tenta ser o mais transparente possível, o mais correta possível e, ainda sim, fazem seu mal julgamento.

Foram lágrimas doídas, cansaço interminável e preocupações sobre preocupações, mas acabou... pelo menos por enquanto. E com tudo isso, aprendi que não adianta querer agradar as pessoas, mas sim, devemos sempre fazer e seguir o caminho que achamos certo e apenas deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila.

Ainda sim, por óbvio, a vida seguiu seu rumo. Conheci a cidade de São Francisco, nos Estados Unidos. Revi amigos queridos (que moram fora, que estudaram comigo no colégio, de outros carnavais). Reatei amizades que, por um bom tempo, achei que jamais voltassem a existir.

Passei por grandes decepções e fracassos, mas hoje prefiro pensar que tinha que ser assim e não de outro jeito. É difícil lidar com o fracasso quando todos os outros ao seu redor conseguiram e você não, mas a gente sobrevive, cresce e aprende. Faz parte de todo o processo.

Aprendi um pouco mais sobre o que é ter amizades de verdade. Vi meus amigos muito menos do que gostaria, mas foram sempre momentos especiais. E com a minha maior e melhor amiga (e, de quebra, minha irmã) não poderia ter sido diferente. Brigamos, fizemos as pazes, brigamos de novo, choramos juntas... e tudo isso só nos ajudou a crescer e a nos respeitar ainda mais, cada qual com a sua maneira de ver o mundo. A confiança foi reconquistada e o aprendizado ainda maior. Sem ela, não sei o que seria de mim. Longe ou perto, estamos sempre juntas.

Assim foi o ano: aprendendo a lidar com o crescimento, as vontades, as frustrações e as desilusões. Quebrei alguns dos meus princípios, alterei conceitos, deixei algumas das minhas próprias regras para trás. Sem arrependimentos. Aprendi a ser mais leve e devo levar tal leveza para 2012.

Último post do ano. Último dia com a "idade velha". Amanhã alguma coisa diferente surgirá.

Seja bem vindo, 2012.

Sunday, December 25, 2011

What about Xmas?

Era um movimento repetitivo, mas as luzes não deixavam de encantar os olhinhos ávidos daquela menininha que esperava o ano todo por aquela data. Era sua segunda data favorita, já que a primeira sempre seria o seu aniversário, ainda que a data deste nem fosse tão favorável para se estar próxima das outras pessoas.

Montava a árvore cuidadosamente para que todos os seus enfeites fossem perfeitamente encaixados. Era uma mistura linda de cores, um misto de papais nóies e bolinhas de vidro. O presépio era o seu maior xodó e sempre crescia ao menos uma pecinha por ano, para que a tradição não se perdesse. Era uma espera gostosa; uma ansiedade própria de criança. Escrevia cartões pra todo mundo e não se cansava em desejar um feliz natal para todos que entrassem naquela loja em busca de presentes, de enfeites, de magia.

Quando chegava o grande dia, a expectativa aumentava ainda mais. A surpresa era sempre boa e os momentos eram especiais. O encontro era na casa da nonna e, aí, era só alegria: os primos se juntavam, a família se reunia, a conversa começava, o barulho aumentava, mas nada disso era problema, afinal, era natal. Não havia maiores preocupações, apenas a vontade de estar ali e de participar com a família de um dia tão gostoso e especial.

No entanto, a magia e o encanto dessa mesma data foram se perdendo com o tempo. Não sei exatamente quando isso aconteceu de forma definitiva, nem de que maneira, mas, de repente, o natal passou a não fazer mais tanto sentido pra ela. Passou a ser apenas uma outra data, um encontro de família, e até mesmo uma certa "obrigação" em alguns momentos... algumas atitudes passaram a ser observadas e toda aquela confusão gostosa passou a ser uma situação de tensão, de angústia e, até mesmo, de um pouco de tristeza. Tristeza por perceber que o que era bonito se acabou, que a vida de verdade não é tão legal assim, e que faz parte do crescimento encarar algumas verdades de frente, sem que se esteja necessariamente preparada para tal.

A perspectiva mudou, os anseios e as vontades também. O que ficou? Talvez tenha ficado apenas aquela menininha com vontade de voltar no tempo e com uma saudade sem tamanho.

Sunday, December 04, 2011

Menina dos olhos

Ela sempre esteve por perto, desde pequena. Sempre foi assim, não tem jeito. Apesar dos sete longos anos que nos separam, aparentemente, não há diferença alguma. Às vezes, na verdade, chego a pensar que ela é a mais velha da relação e que eu continuo sendo a criança que precisa levar umas broncas de vez em quando.

Não sei ao certo qual é essa nossa ligação. Algo que mistura cumplicidade, amor de irmã, de amiga, de mãe, um pouco de ciúme, possessão, mas também de proteção, de amor, de cuidado... assim meio que tudo junto e misturado, meio difícil de entender.

Gosto de ouvi-la falar, de ouvir seus conselhos, de entender seu universo paralelo. E isso envolve um monte de coisa: respeito mútuo, amor, admiração, orgulho... Nunca entendi muito bem essa ligação toda. Aliás, a cada dia que passa, me pergunto ainda mais o que há nessa mistura toda e continuo sem respostas.

Ela se foi mais uma vez... ainda bem que por tempo determinado. São só três meses, eu sei, mas são meses de mudanças, ao menos para mim: términos de ciclos, início de ano, de vida nova, de novos objetivos e afins. Mas o fato é que, não importa a distância entre nós, nem o tempo em que as coisas aconteçam, importa mesmo é que sempre estaremos por perto, ainda que em pensamento. 

Monday, November 28, 2011

Retrato

Era uma segunda-feira de manhã como qualquer outra. Ela, de dentro do carro, ouvia o som alto e olhava ao seu redor, enquanto o trânsito continuava no andaepara. Os olhos distraídos passaram pelos carros, pela rua, sem muita expressividade. Ele caminhava lentamente com um pedaço de papel pardo na mão. Tinha cabelos engruvinhados, uma boina cinza e as meias eram de cores diferentes. A meia rosa chamava a atenção em meio às roupas velhas e sujas.


Pegou o papel de embrulho e o colocou lentamente no chão. Os raios de sol já estavam aparecendo apesar do céu nublado, eram 8:20h da manhã. Em frente ao grande muro da fábrica que não para, ele se deitou sobre o papel pardo. Colocou a cabeça dentro da camiseta verde, como se fosse um caramujo... e assim, dormiu, em meio à cidade.

Saturday, October 22, 2011

Incompleta.


Silêncio por fora
Turbilhão de pensamentos
Enquanto isso, a vida passa
Passa pra lá, passa pra cá
Um movimento infinito
E nada de novo acontece
Desânimo, solidão
Tristeza a cercam
O andar é devagar
O sorriso já não é mais o mesmo
As dúvidas de sempre persistem
As críticas pesam mais
Carência se instala sem pedir licença
E a vida passa.

Wednesday, October 12, 2011

Esses tais valores...


Desde crianças adquirimos valores e aprendemos tantas coisas com os nossos pais. Aprendemos a ser honestos, a nos preservar, a sermos e nos tornamos boas pessoas quando crescer. Quando viramos "gente grande", entretanto, as coisas mudam um pouco de figura. Alguns valores continuam mais que arraigados em nós ao passo que outros tantos valores importantes se perdem por aí. Nem sempre há um grande prejuízo com a perda - e, com isso, quero dizer que sim, há aprendizados que podemos guardar na gaveta quando aprendermos a identificá-los e saber até que ponto eles pertencem ou não a nós -, mas, há ainda algumas coisas que devem ser preservadas, independente do ser humano que você quer se tornar.

Foto sem título, por Inácio Freitas
Acredito sim que a verdade, a honestidade, a sinceridade e, acima de tudo, a humildade devem sempre permanecer como princípios básicos, norteadores de todas as nossas relações cotidianas. Já a parte ruim do ser humano e, por essa "parte ruim" leia-se a mentira, a mesquinhez, a inveja, a trapaça, a cara-de-pau, a sem-vergonhisse e até mesmo a falta de escrúpulos, ahhhh esses "valores" sim podem ser jogados imediatamente no lixo.

É claro que nem todo mundo é 100% mocinho ou 100% vilão... o mundo também não teria graça se só existissem pessoas extremamente boas ou pessoas extremamente más. Todo mundo carrega um pouquinho de coisa boa lá no seu fundinho, bem como um pouquinho de coisa ruim, ainda que não queira admitir. No entanto, quando simplesmente percebemos que as pessoas em que pensamos poder confiar já não são aquelas mesmas pessoas que carregam consigo a maior parte "boa" da coisa, aí o melhor mesmo é simplesmente descartar.

Quando mais velhos, infelizmente (ou felizmente?), percebemos simplesmente que nem todo mundo continua carregando aqueles bons valores consigo.

**Feliz Dia das Crianças**

Saturday, October 01, 2011

O discurso...



Boa noite a todos que compõem a nossa ilustre mesa: nosso patrono, nossos queridos paraninfos, professores homenageados. Boa noite a todos os colegas e aos presentes que aqui vieram para nos prestigiar em uma data de extrema importância.

Difícil falar de cinco anos em apenas alguns minutos. Ainda mais quando esses cinco anos foram aqueles em que nos transformamos de universitários em profissionais. Aqueles em que crescemos como seres humanos, em que tivemos nossos horizontes expandidos, em que descobrimos que os muros de uma universidade são meros obstáculos físicos diante de todo conhecimento que somos capazes de adquirir e das coisas que podemos realizar por si só.

Cinco anos de muito estudo, muitas leituras, mas também de grandes amizades, de muito trabalho, de horas inumeráveis de sono perdidas, mas também de grandes recompensas e conquistas. E hoje estamos aqui para concluir apenas mais uma etapa entre tantas outras que ainda teremos que enfrentar. Não é um fim, mas apenas um recomeço.

Antes de entrarmos aqui, a maioria de nós - se não todos - passou por um momento de dúvida sobre que carreira seguir ou o que fazer. As opções eram muitas, e decidir nunca foi uma tarefa fácil. Porém, mesmo com todas essas opções, nesse momento fizemos a mesma escolha: cursar direito. Pode ser que alguns tenham escolhido essa carreira simplesmente por curiosidade. Outros já possuíam um objetivo mais definido. Outros, assim como eu, chegaram a se graduar em outro curso, mas, ainda sim, resolveram enfrentar mais cinco longos anos de graduação. O que posso afirmar é que todos nós entramos na faculdade dispostos a aprender mais e nos aprofundarmos em uma área que nos permitiria conhecer melhor sobre nossos direitos e deveres em um país onde a injustiça e a desigualdade sempre falaram mais alto.

É preciso lembrar também de que o Direito é uma das áreas mais conhecidas por atrair pessoas com poder de convencimento, ou como se diz, a famosa “lábia”. Certamente muitas vezes nossos professores e colegas tentaram, e, às vezes, até conseguiram nos convencer de uma série de coisas, pois, cá entre nós, nunca faltam argumentos para nossos futuros advogados aqui sentados. Aliás, no fundo, nós mesmos tentamos nos convencer inúmeras vezes, inclusive de que fizemos a escolha certa para a nossa carreira profissional. E hoje, ao final de cinco anos de muitas aulas, livros, leis, processos, relatórios, debates e inúmeros trabalhos podemos ainda não estar convencidos de nossas escolhas, mas uma coisa é certa: aprendemos que mais que provar aos outros as nossas verdades, a primeira pessoa a quem devemos total sinceridade é sempre a nós mesmos.

Acredito que eu possa também presumir que entre livros e processos, jamais algum de nós aqui sentados hoje esqueceremos do Mackenzie: seja pelos professores, seja pelas pastas de prática jurídica (ah que inesquecíveis!), seja pelas “desviadas e reboladas” para fugirmos de tantas faltas para que a média não tenha que se tornar um belo 7,0!, seja pelas grandes amizades que foram criadas.

E eu diria que as amizades ali criadas, foram muito bem cultivadas ao longo da faculdade com os “amigos” Portuga, Macfill, The Joy, Azaleia, passando pelo Vila Imperial, o sujinho... pois é, a Maria Antônia nunca mais será a mesma depois desta turma. Isso sem mencionar as inúmeras festas nesses cinco anos. Foram Bixurrascadas, Mackbixos, Bota Dentro, Bota Fora, Bota no Meio, cervejadas... enfim, tudo regado à alegria típica dos Mackenzistas de plantão.

Nesse sentido, também não poderíamos deixar de fora os nossos Jogos Jurídicos. Seja lá qual for a modalidade - handball, futebol, vôlei, basquete, rugby - nossos atletas estão sempre lá suando a camisa e dando o seu melhor e, claro, o Comando Vermelho Mackenzista sempre aparece para completar a torcida e animar a galera... mas como ninguém é de ferro, baladinhas à noite e a arena com o seu repertório musical de primeira qualidade (e cheia de “mulheres maravilhas”) fazem história e sempre rendem boas lembranças!
Enfim, aprendemos muito dentro e fora da faculdade e percebemos também que a vida é um eterno tribunal, onde as pessoas se julgam o tempo todo, dizem verdades e mentiras e se condenam às vezes por motivos incompreensíveis. Por isso, estudar o Direito é aprender mais sobre a vida e, acima de tudo, sobre nós mesmos. Ainda que tenhamos dúvidas do que fazer daqui pra frente ou que não estejamos convencidos se fizemos a escolha certa, sabemos que esses anos todos valeram a pena, pois hoje saímos daqui muito mais do que profissionais jurídicos: saímos daqui como pessoas em busca de objetivos melhores.

Sendo assim, espero que nossa dedicação não se reverta apenas em benefício próprio, mas que dela também resulte um país mais justo e igual. Que nossa carreira seja de sucesso, mas que esse sucesso possa também ser visto no rosto daqueles que tiveram seus direitos garantidos por uma constituição que poucos brasileiros sabem que possuem. Espero, sinceramente, que nosso poder de convencimento seja exercido a cada dia não para garantir que mentiras se tornem reais, mas para lembrarmos que a verdade deve ser dita e encarada se quisermos um mundo melhor.

Não podemos deixar de agradecer todo apoio incondicional que recebemos dos nossos pais a cada dia. Apoio este que nos fortalece e nos ajuda subir degrau por degrau no tempo e ritmo certos. Devemos ser gratos àqueles que um dia também estiveram em nosso lugar como meros estudantes, mas que resolveram dedicar parte de sua carreira à árdua tarefa de transformar estudantes universitários em verdadeiros profissionais. E claro, também agradeço aos meus queridos amigos e colegas, que, de algum modo, tiveram algo a acrescentar na minha vida, seja por demonstrações de amizade ou pela simples convivência em sala, mas principalmente por compartilhar comigo a tarefa de concluir um curso de forma digna e de poder, ao fim de cinco anos, ter orgulho de quem eu me tornei.

Por fim, finalizo o meu discurso com um trecho do escritor português Ramalho Ortigão “Ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que levam, pomposa ou obscura. A categoria em que temos de classificar a importância dos homens deduz-se do valor dos atos que eles praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus  semelhantes”.

Com isso quero dizer a cada um de vocês, queridos formandos, que independente da escolha que vocês fizerem - futuros advogados, defensores públicos, promotores de justiça, delegados, magistrados, procuradores – sempre exerçam a sua atividade de maneira honesta, digna e com humildade, pois o futuro promissor já está de portas abertas para nos receber.

Parabéns e muito sucesso a todos.

Monday, September 26, 2011

Essa tal inveja...


Confesso que tenho inveja das pessoas. Não das pessoas, mas de algumas delas. E não uma inveja feia que quer o que as pessoas têm, mas uma “inveja boa”, se é que ela existe... uma inveja de ser mais independente e liberta dos meus preceitos. Ou melhor, dos preceitos que me foram incutidos de alguma maneira. Inveja de ser mais segura, menos ingênua... de saber o que eu quero e não ficar com medo do que os outros vão pensar. Aliás, quem são esses outros e por que eles têm tanta importância mesmo? Não me entendo. E aí, fico sentindo aquela pontinha de inveja por ser tão auto-piedosa quando, na verdade, eu deveria conseguir enxergar o que há de verdadeiro em mim e agradecer por isso ao invés de colocar embaixo de todos.

Acabo por ter inveja – o mesmo sentimento que eu abomino – porque ao mesmo tempo que eu não quero ter determinadas atitudes, eu sofro por dentro para não tê-las. Sei que tais pensamentos não são verdadeiramente meus, mas sim de outros, mas, ainda sim, por quê tão intrínsecos? Por que tão presos a quem eu sou?

Ando confusa e em crise existencial. Não sei se devo a culpa de tudo isso à maldita volta de Saturno ou se devo tudo isso à mim mesma, no maior estilo “parabéns, você anda conseguindo se autodestruir um pouquinho por dia”.

Paciência.

Sunday, June 26, 2011

Dois

Como assim?
Corre pra ela não te ouvir
Venha cantando baixinho até me encontrar
Vigiando as estrelas
Meus braços estarão a te esperar
Mesmo à distância
Fico em silêncio
Fina flor nos cabelos
Fantasias vãs
Sem culpa
Só nós
Apenas nós
Assim de mãos dadas
No vão escuro entre duas paredes
Não sei mais como esconder
Um beijo roubado
Único, como havia de ser.

Saturday, June 25, 2011

O mito do inacessível

Mito: dentre os diversos significados mitológicos, o mito é a “idéia falsa, que distorce a realidade ou não corresponde a ela”; é a “coisa ou pessoa fictícia, irreal, fábula”.

Temos a frequente mania de mitificar as pessoas. Alguns parecem simplesmente inalcançáveis até mesmo para os nossos desejos mais secretos. E vem junto com o receio de fantasiar o “como seria se...?”. Tornando alguém mítico, fica mais fácil de se observar de longe e transformá-lo em amor platônico. Não se corre riscos, não há o que perder... observa-se de longe, os pensamentos pairam pelo ar e nada ocorrerá.

Assim, acabamos nos afastando do que poderia ser algo real, por torná-lo mítico, quando, na verdade, trata-se tão somente de um ser humano, de carne e osso, com as mesmas necessidades de qualquer outro. As vontades, muitas vezes, são as mesmas, mas o medo, a mitificação do outro parece nos afastar e nos cegar para uma realidade que está bem ali, diante dos nossos olhos. Ficamos com medo de nos entregar, de nos arriscar, por já aguardar a rejeição. Envolve medos diversos: de se machucar, de se deixar levar, de levar o famoso “não”...

E quando ocorre o contrário? Ah, quando você é o mito para outra pessoa não há como explicar ao outro que não há mitos, e que você é apenas como qualquer um outro e quer apenas as mesmas coisas.

O nosso papel de mulher mudou muito nos últimos anos dentro da sociedade. Lutamos pela igualdade dos direitos, por mais espaço no mercado de trabalho, etc etc. Ainda sim, nem por isso mudamos por dentro. Por mais que a gente mergulhe nos nossos afazeres, no trabalho, por mais que nos tornemos pessoas batalhadoras, conquistando o nosso espaço onde antes só pertencia aos homens, continuamos sendo as mesmas pessoas de antes. Continuamos sendo as mesmas criaturas que, de certo modo, são frágeis por dentro e cheias de sentimentos. Continuamos nos decepcionando pelas mesmas coisas e, no fundo, só mudamos o nosso jeito de lidar com algumas situações no nosso dia-a-dia, mas isso não mudou a nossa essência e, ao invés de mitos, somos apenas mulheres de carne e osso, com as mesmas vontades de qualquer outra em qualquer época.

Wednesday, May 18, 2011

Se eu peco é na vontade...

(*) Foto por Miguel Lucena: "I saw the light"
Fui convidada a entrar sem saber aonde exatamente eu estava entrando. E com quem estava lidando. Eu, ingenuamente, fui colocando um pé após o outro, reconhecendo o local. Tateando um móvel aqui, pisando em um chão variável, ainda sem muita firmeza, mas fui me deixando levar aos poucos. Sempre com o pé atrás, sempre achando que não era comigo.

Sob um pretexto besta, nos encontramos ali e, de repente, já conversávamos como se íntimos fôssemos. Horas ininterruptas e muitas palavras trocadas. Há tempos não conhecia alguém assim interessante. Nem percebemos que continuávamos a falar sem parar, andando para uma mesma direção, desvendando juntos as diversas paredes que ali estavam até então. Até então.

E depois de tantas palavras e incertezas, consulta às amigas e o apoio incondicional destas, fiquei um pouco mais segura, um pouco mais "entregue" à toda aquela brincadeira. Ele foi promovido de ilustre desconhecido (ou conhecido de longe) para o interessante e novo encanto. Não abandonava seu posicionamento... avançava um passo a cada momento. Um passo forte e, até então, certo. 

No entanto, nem sempre as escadas são lineares. Algumas podem ser tortuosas. Nem sempre as paredes são o que parecem. Algumas podem ser secretas. E os espelhos... ah, esses ficam nos espiando ao longe, esperando o primeiro passo em falso. O fato é que as verdades foram verdades até que a omissão do principal veio à tona. Até então, era tudo novo, bonito e sem culpa. Sem querer, percebi que fui convidada a entrar, na verdade, em um vão entre duas paredes que, até então, parecia que estava ali. Um longo vão que, num primeiro momento, parecia largo demais. Eu via pequenas rachaduras em, pelo menos, uma daquelas paredes, mas não conseguia enxergar a outra. Talvez tenha fantasiado rachaduras para excluir a culpa de ter aceitado a continuidade da brincadeira primeira. Para, talvez, resgatar os encantos que eu havia descoberto no outro. Mais uma vez, me enganei, o vão era apertado demais para mim.

Entrei como terceira e sou apenas a terceira, estranha àquela casa, estranha àquelas vidas, estranha àquelas histórias. Resolvi, então, fechar as portas sem querer olhar para trás. Acho que é melhor deixar tudo ali e seguir a estrada oposta, assim não terá como retornar e errar um pouco mais.


... de ter um amor de verdade.


Saturday, May 14, 2011

Catavento

Parece que parei no tempo. Ou que a vida já passou no trem das 8:00hs e eu fiquei na plataforma esperando o próximo trem que não chega. Parece que por mais que eu corra e não tenha tempo para praticamente nada, ainda sim, o tempo sobra nas minhas mãos e aí, fico sem saber o que fazer dele. Olho para um lado e para o outro e não sinto mais as vontades de antes. Sinto outras, porém inalcançáveis. Vou deixando o tempo me levar pelas mãos e me guiar pelos caminhos, sem um rumo definido, sem ter controle sobre nada.

É como um catavento. O vento assopra e vai empurrando cada parte da nossa vida. Empurra, empurra, mas continuamos sempre no mesmo eixo. Em determinados momentos, o vento é rápido e contínuo e trabalhamos a todo vapor. Sabemos o que fazer, pra onde ir, fazemos planos que nem sempre se concretizam, mas que ao menos existem de alguma maneira. Em outros momentos, entretanto, o vento sopra devagar e lentamente e sentimos o peso de cada passo, cada decisão, cada escolha. O ritmo se torna espaçado, entramos em dúvidas que se tornam em saudáveis pensamentos. Por fim, há simplesmente os momentos em que o vento não chega e ficamos estagnados com o que temos. Nada de expressivo acontece e vamos vivendo um dia após o outro sem saber muito bem para onde estamos indo. Aparentemente aquela parcela que deveria ser empurrada para frente, não é. E ficamos ali... naquele mesmo lugar, procurando qualquer sarna que seja para se coçar e encontrando apenas o nada.



(*) Foto do site www.cacareco.net 

Sunday, May 01, 2011

"I wonder what it is all about"


A inspiração está indo embora junto com a vontade. A vontade não é mais sentida diante de diversas coisas. Fico me sentindo perdida ao ver que os valores do mundo são tão diversos e distantes dos meus. Acabo fazendo coisas guiadas pelas palavras alheias e não pela minha verdade interior. Vejo que quanto mais as pessoas se tornam mesquinhas, irônicas e grotescas, mais elas têm valores agregados pelos outros com quem ainda me importo e nem sei bem o porquê.

E o resto, aonde fica? Perdido por aí sem saber o que fazer. No fim, me coloco em um lugar que me guia para as coisas do dia-a-dia, e me torno uma pessoa com menos vontade de se envolver com qualquer que seja. A paciência chegou ao limite e a vida passou apenas a ser vivida, sem grandes emoções, sem paixões inusitadas, sem frios na barriga. O romance não existe mais... e continua errando, errando como sempre. Aparentemente, só existe o desejo (dos outros) e a carência (sua, sempre sua), mas os sentimentos passaram a ser ultrapassados.

Conto os dias para que eles passem (ainda) mais rápidos, sem qualquer pretensão. Os planos deixaram de existir há algum tempo, afinal, nada que se planeja sai da maneira como queremos e vou deixando a vida dar a sua cor aos meus olhos cinzentos, do jeito que ela quer: coloca e tira todas as pessoas no meu caminho como marionetes fossem, apenas para me divertir por um espaço curto de tempo.

"I wonder what it's all about
Everything I know is wrong
Everything I do it just comes undone
And everything is torn apart"

Wednesday, March 09, 2011

It's all about fate





Fate definitely hasn't been working its magic in my way. Actually, to be more precisely, it lost me for the past couple of years. The truth is that I'm not sure what it is all about anymore. Not sure where to go, what to do, what to expect for. I thought by now I might know what I should or shouldn't do... what to seek for. Nope. Still don't have a single clue.

And what now? I keep listening my parents say and repeat: let fate works its magic. But when? And how? For how long should I sit and wait for the "miracle"? Well, yeah, I think I must only expect "miracles" from now on. I don't expect much else.

The only things that I'm almost sure about are that by the end of this year I'll be graduated from my second graduation course and yes, we are going to party. I probably deserve it. And that's it. I'm not sure about my future at work, nor about my relationships with my friends... which ones are going to last? And what about other personal relationships? Do they really exist?

There are so many questions without proper answers. They keep bugging me mainly when I'm by myself. I don't know what to do with them... sometimes, I just try to forget them, but it seems so impossible.

It seems so impossible to "sit and wait" when there is a lot to happen and I don't see any of that coming.




(*) Picture by: Luís Lobo Henriques - "Esquinas de Lisboa" (www.1000imagens.com)

Young Hearts Run Free



‎"Don't be no fool when love really don't love you"

Tuesday, March 01, 2011

Sobre as decepções

Não é difícil nos decepcionarmos com as pessoas. Isso acontece o tempo todo, com todo mundo. O difícil é nos decepcionar com aquelas que a gente ama muito. Ah, como é difícil. 

Sunday, February 27, 2011

Sobre valores



Alguns valores humanos apenas se perdem com o tempo, desaparecem com o vento. Outros permanecem, mas raros são aqueles que os guardam consigo e os demonstram nas horas certas. Eu admiro a sinceridade das pessoas. Acredito que quando somos sinceros “doa a quem doer”, as coisas simplesmente são mais fáceis de lidar. Ou mais descomplicadas, como queiram. Não há nada como uma boa conversa para colocar os pingos nos “is” despingados.

A diferença está nos olhos. Olhamos nos olhos dos outros para buscar a sinceridade que há dentro deles. Procuramos a todo custo encontrar o que há de bom nas pessoas e nem sempre encontramos. Mais fácil encontrar aqueles que desviam, mentem ou omitem apenas para obter vantagens e deixar você de lado.

Por outro lado, quando encontramos alguém que, aparentemente, está sendo sincero com a gente, desacreditamos que isso ainda exista e/ou seja possível. A verdade é que estamos tão acostumados com aqueles que têm a natureza podre que esquecemos que ainda há pessoas extremamente interessantes neste mundo.

Ponto para a sinceridade alheia.

Tuesday, February 22, 2011

Lá fora

Da janela lateral enxergo as ruas lá embaixo. Os carros passam apressadamente. A brisa é escassa, mas permaneço ali. Inquieta e, ao mesmo tempo, longe. A vontade não falta... falta apenas a coragem de jogar tudo para o alto. Mas será que o risco valeria a pena?

Sinto que eu canso das mesmas situações a cada dia que passa. Nada é suficiente para fazer com que os outros sejam felizes ao seu lado. Ou, ainda, que os outros desejem estar ao seu lado, com a sua companhia. Aparentemente, você não basta para eles... sempre tem que haver algo mais, algo além. Não há certo ou errado, mas há o mesmo comportamento sempre. A repetição. O afastamento é quase que esperado. E quando ele não ocorre, é difícil de conviver. É difícil encarar que foi só isso e nada mais. Difícil perceber que o momento ficou no passado remoto.

Aí a vontade de ir se aguça ainda mais. O gostinho da distância começa a ficar ainda melhor. Não é uma fuga, mas sim, uma maneira de encarar as coisas de longe, como se ainda estivesse no alto do prédio e os carros ficassem cada vez menores e sem sentido.

Aqui dentro ainda restam as dúvidas, as mágoas e a incessante busca. Lá fora, só resta a chuva e a espera.

Friday, February 18, 2011

Passagens

Não adianta, simplesmente, bater na mesma tecla. Para tudo há o tempo certo. No entanto, nem para tudo há o porquê de ser. Não ouso mais encontrar palavras para tentar descrever de como foi "interessante" aquele encontro. Surgiu do nada e para o nada ele está voltando.

Friday, February 11, 2011

Sinais





Tentamos ler o outro. Ao menos, os seus sinais. Buscamos os olhos, acompanhamos os movimentos, esperamos o toque. O choque vem quase que simultaneamente. Os pensamentos ficam distantes, praticamente impenetráveis quando não diluídos em palavras. Dos mesmos lábios vêm os sorrisos... ah, os sorrisos. O conjunto vai tomando forma e fazendo com que o irreal sente-se ali: bem ao meu lado.


(*) Foto: 's/t' por António Matias

Tuesday, February 08, 2011

Corroendo

Não saber o que vai acontecer depois, a deixa esquisita. É inegavelmente uma pessoa controladora. Quer saber, quer fazer acontecer. Passa, então, a ter atitudes atípicas, conversas afoitas e sonos quase inexistentes. Se afoga nas coisas do dia-a-dia para que tudo passe rápido, sem cor nem sabor. O que fazer? Não sabe, não tem certeza. Fica meio perdida. Medo da rejeição. Outra vez a maldita rejeição. Sempre aparece quando ela menos espera.

Enquanto isso, a ansiedade corrói.

Saturday, January 29, 2011

"Tô emocionada"


Gente... recebi um "selo de qualidade" por escrever neste cantinho aqui! Recebi da minha querida amiga Juliana que tem um blog lindinho sobre a Itália (e que vale a pena conferir...).

Aparentemente, os selinhos têm umas regrinhas que devem ser cumpridas... então, aí vão elas!

1) Repassar o selinho para 15 blogs no máximo
All Made of Stars, por Flavia Melissa
Caixa Preta, por Mercedes Gameiro
Coisas de Marco, por Marco Doto Kolher
Folha de Cima, por Rogerio Santos
in.constante, por ele mesmo
O Pilha Blogs, por ele mesmo
Setembro Negro, por Mateus Luciano
Vida Urbana, por Mauri

2) Responder o questionário abaixo:
Nome: Fernanda
Música: Mais eclética impossível
Humor: Sempre sorrindo (até mesmo quando estou chorando)
Uma cor: Vermelho
Uma estação: Primavera
Como prefere viajar: De qualquer maneira... o que importa mesmo é viajar!
Um seriado: Friends
Uma frase ou palavra: Felicidade
O que achou do selinho: Sensacional =)

Wednesday, January 26, 2011

About my misjudgments


I may have been misjudging situations. Maybe not only situations, but also some people. And I do not see why I wouldn’t have reasons on Earth to do so. My latest experiences have showed me that there are lots of people in the world that simply don’t care about others’ feelings. Or they even care but only for a very short period of time.

People can become unpolite and even rude to others when it comes to feelings. They suddenly forget their manners and have no intention to make you feel comfortable with certain situations. And then it is all about the frustration. Your frustation, actually.

I may be wrong... but it is a way of self protection as well. I try to protect myself from these kind of people. Yeah, well, I'm usually really naive about everybody. I always think that people around me have a good heart and have, above all, good feelings to share with me. And then I just realize that, once again, not everybody is like this. So, that's why I have so many reasons to protect myself. And I do try to do so.

But then I meet somebody that is just out of all my expectations. A person who seems to have lots of good things to share with me... at least for a while. And then? Am I just so lost with bad people that when a nice person comes I am not able to recognize? Am going to misjudge his actions just because I'm so used to the nasty ones? Oh, well... have no clue where it's going to end up inside of me.

(*) Foto por Alvaro Cordeiro: 'Caminhando........."

Sunday, January 23, 2011

About my fears


Tá, confesso, não era pra ser assim. Eu sei de tudo isso. Sei que não devemos entregar a nossa felicidade aos outros ou depender deles para que ela exista. Mas sabe quando uma única situação pode jogar todas as suas teorias por água abaixo? Pois é... parece que as minhas teorias, de repente, perderam um pouco o seu sentido de ser. Ou não chegaram nem mesmo a perder, mas apenas deixaram de ser tão duras comigo mesma temporariamente. E eu sei o quanto tenho sido dura comigo. Sempre nos apegos platônicos, para que os reais jamais tenham chance de se desenrolar. E chego até a voltar para a estaca menos dois (porque de zero já passou há tempos), passando a reconsiderar hipóteses já bem passadas e vejo que nunca saio daquela mesma zona de conforto. Mais prático assim. E me auto saboto... ah como me saboto. E quando algo de real e concreto acontece, me corto por todos os lados para tentar manter as expectativas lá embaixo e acabo me convencendo, outra vez, de que não sou capaz de ser a pessoa que todas as pessoas ao meu redor afirmam e reafirmam que eu sou.

Acho que isso só pode ter um nome: medo.


(*) Foto: "Simplicidade" por José Carlos Costa

Tuesday, January 18, 2011

Quadros


Era uma manhã ensolarada de domingo. O calor se fazia presente por meio das gotas de suor que escorriam daqueles rostos. A sala pequena, com suas paredes pintadas de branco, mal deixava caber todas as pessoas que vieram até ali dar a ele um último adeus. Os diversos cheiros de todas aquelas flores se misturavam às lembranças dos pensamentos que por ali pairavam. Cores e faixas se entrelaçavam com recados de carinho. A dor, a tristeza.

As preces eram levadas pelos poucos ventos que se movimentavam com a força do ventilador. Bênçãos e pensamentos bons ficavam por ali. Os amigos, os olhares, as pessoas cabisbaixas. A família unida, sem rumo.

Na sala ao lado, outra dor, outro sofrimento. Sempre pelo mesmo motivo. Sempre por conta dos ciclo natural da vida e da difícil aceitação.

Wednesday, January 12, 2011

_Pieces of Literature_

"Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de rapina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas sempre passa... E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria..Cada um tem a sua hora e sua vez: você há de ter a sua."


A hora e vez de Augusto Matraga

Sunday, January 09, 2011

Sobre os 29


Há algum tempo, acreditava que quando chegasse aos 29 anos, já seria uma mulher completa. Acreditava que já teria um bom emprego, uma carreira promissora, que já não seria mais um peso para os meus pais, seria uma a menos dentro de casa... achava que com 29 anos tudo estaria resolvido como um passe de mágicas. O dinheiro para todas as viagens que eu quisesse fazer, não seria o maior dos meus problemas. Não que eu "nadaria no dinheiro", mas conseguiria viajar ao menos uma vez ao ano para lugares exóticos e desconhecidos. Teria um homem ao meu lado com quem seria ainda mais feliz em compartilhar as minhas diversas faces. E, quem sabe, com quem planejaria um dia ficar grávida e ter filhos. Teria uma família, uma casa para chamar de minhas e não mais depender da casa dos meus pais.

Os vinteenoveanos chegaram e, ao invés de eu ser uma “mulher completa”, me sinto apenas mais uma perdida no meio da multidão de pessoas. Como se andasse no escuro sem qualquer proteção. Um longo caminhar por uma estrada infinita, onde eu sou a única pessoa por perto.

Perambulo nos meus pensamentos e não tenho mais planos. Não vejo mais as coisas com aquele baita otimismo. Sei que a maioria delas continuará igualzinha, sem nada alterar, apesar do ano novo ter chegado. Não adianta mais criar falsas ilusões, pois ano vem, ano vai e tudo continua da maneira como no fundo sempre esteve.

Fiz vinteenoveloooongosanos sim. E o que mudou nesses últimos tempos? Nada. Sinto que a crise não passa, só aumenta. Não me sinto uma pessoa madura pronta para a vida. Ao contrário, vejo que tudo o que eu achava que tinha aprendido, na verdade, não passava de uma ilusão, pois continuo persistindo nos erros. Quem me conhece bem, sabe que eu espero muito das pessoas. Até ligações de aniversário eu espero. Mode “ON HOLD” on. E, mesmo sendo um dos piores dias do ano para ligar pra mim, eu sempre espero que o telefone toque. É difícil ficar longe quando eu quero mesmo é receber milhões de parabéns e ser paparicada no meu dia. Eu realmente acredito que é o MEU dia e que todos que eu conheço e estimo podem gastar ao menos um minuto comigo. Eu sempre espero.

A frustração e a tristeza chegam de mãos dadas. A crise continua. De repente as coisas corriqueiras perdem o sentido de ser. E tudo aquilo que eu dou valor vai por água abaixo.

Deve ser mesmo a tal da volta completa de Saturno que anda me atazanando as ideias.