Sunday, July 28, 2013

O vestido

Foto copiada do site: www.justlia.com.br
Pra te ver, separei meu melhor vestido. Coloquei minha música favorita e sonhei com nosso encontro. Separei meu sorriso mais bonito, aquele que não aparece só nos lábios, mas aparece nos olhos, no coração. Perfumei a pele com o creme mais cheiroso. Arrumei os cabelos, passei pelo espelho. Separei meus defeitos das minhas qualidades pra só deixar o melhor de mim.

Naquele dia, eu queria seu abraço apertado, o carinho gostoso, seu olhar bonito pra mim. Queria te ver, dar risada, jogar conversa fora e falar besteiras ao pé do ouvido. Queria comer sanduíche, assistir filme, contar novidades, ganhar cafuné.

O dia foi passando de mansinho, o silêncio foi tomando conta. Não queria que fosse assim. Chequei mil vezes o relógio. Esperei por uma mensagem, um sinal ou ao menos um "adeus". Nada veio. Deitei na cama, aumentei a música para não ouvir meus pensamentos. Li um livro, assisti coisas e acabei pegando no sono. E, mesmo depois de tudo isso, a vontade de te ver não passou...

No dia seguinte só restou meu melhor vestido que continuava ali, pendurado em um cabide na porta de saída, me espiando o tempo todo.

Saturday, July 20, 2013

Dissabores

Enfia com força os fones no ouvido. Aumenta a música no último volume. Não quer ouvir seus pensamentos. 
A cabeça gira, as palavras se perdem, mas continua andando meio que sem rumo. Não quer voltar. Para. Respira. Espera. Espera por alguém que não vai aparecer. Espera uma resposta ou mesmo uma pergunta, qualquer coisa.
Nada acontece. Nem um suspiro. Nem uma mensagem. Nem um esboço de ligação.
A tristeza vem certeira. Não é a primeira vez que isso acontece. 
E já na escuridão do seu quarto, sem ninguém por perto, termina o dia da mesma forma que o começou: com lágrimas de desgosto dessa vida.

Saturday, July 13, 2013

O caos de dentro

É quando ela para sua rotina que tudo vem: pensamentos embolados, sentimentos ambíguos. A vida vai indo, sem que ela perceba o tempo. É como se não houvesse amanhã. Inspira. Está sempre atrás do relógio, atrasada, correndo. Dirige, lê, responde e-mails, se maqueia: tudo junto. tudo ao mesmo tempo. As coisas passam rapidamente pelos seus olhos, pelos seus ouvidos e até mesmo pela sua memória.  O estômago reclama. Chega a esquecer de comer. Respira.

(*) Arquivo Pessoal: grafite d'Os Gêmeos
Escolheu viver assim, mas nem ela se entende. Em alguns momentos pensa em jogar tudo para o alto, virar hippie e ir morar na comunidade. Em outros tantos, tem toda certeza do mundo que escolheu o caminho certo e o continua seguindo.

Divide-se entre seus dois mundos: o que ela vive e o que ela deixou de lado. Está sempre na linha tênue entre o carinho e a dureza. O coração endurece com o tempo, mas sempre há alguma coisa no caminho que a faz voltar e amolecer um pouquinho. Mais uma vez.

E é na calada da noite, quando ela para finalmente para ter o "seu" tempo, que ela percebe que está abrindo mão de muita coisa em busca de uma felicidade qualquer, ainda que clandestina. 

Wednesday, July 03, 2013

Por aí...

Arquivo Pessoal (caminho para Itajubá)
A mala se apronta rapidinho, os guias vão dentro da mochila e o gostinho de desbravar mais um lugar do mundo gera a ansiedade na boca do estômago. Conta-se os dias. A vontade é sempre de ir mais; ir além. E andar por entre as ruelas, ver gente diferente, conhecer novos caminhos. Deitar embaixo da árvore, ver o sol se pôr, ouvir os passarinhos. Visitar museus, comer comidas exóticas, rever amigos. Andar, visitar, conhecer, matar saudade. Um mundo - literalmente - de possibilidades.

A verdade é que alguns pedaços são deixados pelo caminho e outros tantos são recolhidos. Em cada viagem, nos tornamos uma colcha remendada de retalhos. A gente deixa de ser o que era em diversos aspectos. Ao mesmo tempo, um pouquinho do que somos fica nos lugares. E a colcha vai se refazendo. Fazemos planos de passeios, esperando as novidades. Para alguns, espaços curtos de tempo. Para outros, verdadeiros planos de vida. As novas aventuras esperam para serem vividas, os horizontes precisam ser percorridos. E o frio na barriga continua ali, a cada novo dia que chega.

Às vezes, os lugares se repetem, mas os momentos são tão outros, que nada se torna igual como antes. O cheiro fica guardado no coração. O sentimento é de busca, a sensação é de paz interior. A cabeça descansa enquanto os olhos fazem seus próprios recortes para aqueles retratos que sempre ficarão guardados, independente de papel... 

A cada viagem, uma imagem diferente, um novo encanto. Sempre volto com o coração apertado por ter deixado tantas coisas para trás. E a vontade de ir novamente jamais passa. Um sorriso largo, um medo gostoso, uma lágrima escorrida e a certeza de que esse amor nunca ninguém vai me tirar.