Chegou aquela fase do ano que, por mais que eu tente evitar, o inevitável sempre acontece. É sempre a mesma coisa, é sempre tudo igual.
Natal sempre foi uma data que eu gostei de comemorar. Seja porque eu era criança (e, convenhamos, para as crianças o natal sempre é especial: a espera do Papai Noel, a surpresa do seu presente, o encanto da árvore de natal...), seja porque era uma data em que passávamos todos na casa da nonna e era uma festa completa. Montava o presépio, colocava um monte de enfeites na árvore e ficava ansiosa com os presentes.
No entanto, os anos passaram, fui ficando mais velha e, de repente, o encanto se perdeu. O natal passou a ser apenas outra data de reunião, comilança e amigos secretos sem critérios. Todo mundo corre pra se encontrar: é happy hour, é almoço, é café da da manhã, da tarde, enfim, correria desvairada para recuperar o tempo "perdido". De repente todo mundo quer fazer tudo de uma vez. Sacolas de todas as cores e tamanhos passam pra lá e pra cá. Trânsito, caos e correria, correria, correria.
Não perdi a fé, ainda gosto de acreditar que o Papai Noel poderá aparecer e trazer um monte de coisas boas (ho ho ho), mas o significado do natal em si mudou completamente. Mudou pra um tempo de reflexão, de estar com a família e de repassar tudo o que aconteceu durante o último ano. Um tempo de passar coisas a limpo pra não carregá-las para o novo ano. Um tempo de pensamentos imperfeitos, sentimentos distintos, vontades aleatórias. Não sei bem o porquê, mas as emoções ficam à flor da pele.
E quando passa, em seguida vem mais um ano novo (junto com o meu aniversário). E eu me iludo que as coisas vão mudar, que tudo há de ser melhor que o ano anterior, que o ano trará surpresas incríveis. As ondas já esperam milhões de pessoas pulando e lançando seus desejos no ar, e eu serei mais uma na multidão. As promessas se renovam e, junto com elas, as lágrimas caem por tudo que se viveu até então e tudo o que há pra se viver ainda.