E aí vem a mistura frenética de sentimentos: final de ano. Passado o natal, toda a renovação e o nascimento, chega a hora de olhar pra si e pensar (mais um pouco) sobre o que mudar. E aí vem toda a mistura de quero que acabe logo, não aguento mais, quero sair daqui, quero voltar, quero pensar, quero mudar.
Meu quarto - o primeiro a ser mexido sempre - continua um caos. Todas as minhas bagunças olhando pra mim, noite após noite, há mais de duas semanas. Não consigo colocar mais nada do lugar. Os móveis continuam presos nas paredes, imóveis. Quero mover, quero mexer, quero tirar. Não sei se é uma coisa de inferno astral combinada com ano novo, com as poucas energias de final de ano, mas algo assim sempre acontece, no entanto, não com essa tamanha sede de mover.
Olhando pra trás, vejo um ano que passou de uma forma um pouco diferente dos outros, onde consegui tirar algumas das minhas amarras e mudar um pouco dos meus conceitos. Consegui algumas conquistas a duras penas, enquanto há tantas outras ainda a serem "desbravadas". Consegui jogar fora o que não prestava mais e fazer com que a minha sinceridade fosse posta pra fora, no melhor estilo "doa a quem doer". No entanto, a minha ansiedade ainda permanece em mim, mais presa que nunca, intrínseca e dolorida.
Pra mim, não adianta negar, o ano novo sempre me põe a refletir mais um pouco e acaba chegando com algum sentimento estranho. Isso porque além de ser ano novo é meu aniversário, ou seja, a mudança vem em todos os sentidos: na idade, no ano, nas pequenas ruguinhas que aparecem a cada dia. Não sei como deve ser fazer aniversário em outro dia, mas sei o que é ficar mais velha no dia da ressaca. Geralmente é o dia em que eu mais me coloco a pensar e que, infalivelmente, acabo chorando as minhas lágrimas cheias de alegria e tristeza. Não sei bem o porquê das lágrimas, mas elas sempre escapam ao meu controle. Talvez seja uma auto-limpeza da alma deixando que as coisas boas fiquem com maiores espaços dentro de mim. Talvez seja apenas demonstração de alguma fraqueza. Ou, ainda, seja apenas a felicidade de receber as ligações e mensagens sempre bem-vindas.
Queria ser mais dura, menos chorona. Queria saber separar melhor as partes da minha vida, como se eu tivesse um imenso gaveteiro e colocasse cada coisa no seu lugar, mas não tenho conseguido. Por isso o caos, por isso tudo pra fora.
Algumas coisas dificilmente mudam em nossas vidas e talvez a minha vida tenha sido, de fato, imóvel em alguns sentidos. Mas, ainda sim, gosto de pensar e acreditar que o novo ano será melhor e que eu conseguirei encontrar novos desafios e novas conquistas e, por que não, novos caminhos a serem tomados.
E que venha 2010...
(*) Na foto: vendo a vida passar.