Estávamos passando alguns dias em Embu-Guaçú logo no início do ano novo. Meu oncologista - Dr. (querido) Daniel - já havia me alertado sobre a alopecia (ou queda dos meus fios de cabelo): a partir do 15o. dia após a primeira sessão de quimio o couro cabeludo começará a doer e o cabelo começará a cair. Pelas minhas contas, o tal 15o. dia cairia exatamente no dia do meu aniversário, 1o. de janeiro (baita presente!). Pois bem, como esperado, no dia 31 de dezembro tive uma dor de cabeça bem chatinha acompanhada de dor no couro cabeludo. Não é uma dor insuportável nem um bicho de sete cabeças, mas dor é dor. Pode ser comparada à dor que segue penteados bacanas pós-casamento: depois que a festa acaba, o couro cabeludo reclama. A dor é bem semelhante a essa!
No primeiro dia do ano, conforme previsto, minhas madeixas começaram a cair. No início, foi uma queda um pouco "tímida". Caía um tufo aqui, outro ali, nada demais. Já no dia seguinte, a queda aumentou consideravelmente. Ao acordar, percebi que meu travesseiro e meu pijama estavam cheios de fios. Durante o dia, eu ia deixando fios por onde quer que eu passasse na casa. "Não fica passando a mão no cabelo", minhas irmãs insistiam, mas era como se falassem para a criança não pegar mais balas do baleiro cheio, ou seja, de nada adiantava. Quanto mais eu passava a mão na minha cabeça, mais tufos grossos de cabelo saíam nas minhas mãos. Fiquei imaginando como teria sido caso eu não tivesse cortado meu cabelo curto dias antes.
Fui para o banho e, ao sair do chuveiro, uma bola de fios de cabelo saiu comigo. Pedi uma escova emprestada para a minha mãe. Enquanto eu me olhava no espelho do banheiro, meus cabelos se emaranhavam cada vez mais na escovinha. Eram muitos e eu não tinha muito o que fazer. Foi deprimente ver meu cabelo caindo daquele jeito. Na medida em que passava a escova no meu cabelo, minhas inevitáveis lágrimas escorriam pelo meu rosto. "Mãe, hoje é o último dia que eu penteio meu cabelo". "O último dia dessa fase, filha!". "Sim, o último dia dessa fase, mas é o último dia".
A casa estava cheia aquele dia e eu preferi não deixar nossos convidados para ir ao centro da cidade com a minha mãe. Estava decidida, mas sabia que precisava fazer as coisas no melhor momento. Sendo assim, combinei com a minha mãe de irmos ao centro da cidade no dia seguinte. Esperei o sábado chegar (dia seguinte), acordamos, tomamos café, peguei o lenço que eu tinha comprado no natal para a ocasião e fomos de carro para o centro procurar uma cabeleireira disponível. Da janela do carro, os fios que ficavam entre meus compridos dedos eram levados pelo vento.
Tentamos o salão de cabeleireiras que minha mãe conhecia, mas estava fechado. Na mesma rua, um pouco mais à frente dali, encontramos um salão pequenino, de portas envidraçadas e paredes roxas. Uma mulher (que parecia ser a cabeleireira) estava sentada na cadeira para atender os clientes, como se estivesse esperando alguém chegar. Pedi para a minha mãe estacionar o carro e, em seguida, fomos até o salão. Além da mulher que vimos lá logo que entramos no salão (que, de fato, era a cabeleireira), havia outras três mulheres: uma recepcionista, uma manicure e uma cliente fazendo as unhas. Conversei com a cabeleireira para saber se ela podia me atender naquela hora para cortar o meu cabelo:
- ... na verdade, é mais simples do que isso: quero raspar a cabeça.
- Mas você tem certeza de que você quer raspar esse cabelo lindo?
- Sim... eu PRECISO.
- Hmmm... ok. Veja com aquela moça ali (a recepcionista) que, se eu não tiver ninguém marcado agora, eu posso te atender.
- Ok.
Enquanto fui perguntar à moça sobre a disponibilidade da cabeleireira, ela saiu do salão para cumprimentar uma amiga lá fora. Sentei na cadeira e esperei a cabeleireira voltar. Olhei para o espelho que estava na minha frente, tentando capturar, uma última vez, a minha imagem com aquela carinha e aqueles cabelos. Eu sabia que não tinha muito mais o que fazer, estava determinada.
- Posso te perguntar o porquê você precisa cortar os cabelos?
- Porque eu estou doente.
- É muito grave?
- Sim, é câncer.
- Vai ficar tudo bem.
- Dói muito? Porque meu couro cabeludo está dolorido.
- Não dói nada!
E assim, com sua mão esquerda sobre a minha cabeça, como se fizesse um carinho, ela começou a passar a maquininha com a mão direita. Realmente não dói nada. Como em uma orquestra, as lágrimas caíam junto com os cabelos. Minha mãe permanecia em pé ao meu lado, mas eu não tive coragem de olhar pra ela nem por um instante. Olhava firme para o espelho à minha frente.
Logo na primeira consulta com o Dr. (querido) Daniel, ao falar sobre o tratamento e todos os seus efeitos colaterais certeiros, ele mencionou a possibilidade de eu usar perucas. Havia falado sobre uma senhora que produziria uma peruca tão perfeita e tão fiel ao meu "cabelo de verdade" que ninguém ia perceber. Ainda sim, eu não quis. Não quis porque, dentro de mim, eu sempre ia saber que estava vivendo uma mentira. Não quis porque achei que fosse ficar estranho. Não quis porque achei que devesse enfrentar tudo de frente e da forma mais verdadeira que eu encontrasse. Enfim, não quis por "n" motivos. No entanto, teve um dia que eu pensei em colocar a peruca: um dia em que estava pensando como seria o retorno para o escritório e como seriam todos os olhares estranhos pra mim. Fossem de estranhamento, de pena, de surpresa, eu não queria enfrentá-los e pensei que a peruca fosse uma boa saída pra isso. Além disso, achei que eu fosse ficar feia, que ninguém mais fosse olhar para a Fernanda como ela sempre foi e sim, como uma outra pessoa. Nesse dia conversei com uma das minhas grandes amigas que, inclusive, passou por isso com uma pessoa muito próxima da sua família. Ela imediatamente me puxou pra realidade:
- VOCÊ ACHA QUE VAI FICAR FEIA?
- Acho...
- Não vai não.
E começou a me mostrar contas do instagram de outras mulheres que passaram/estavam passando pelo mesmo tratamento ao qual eu estava me submetendo. Mulheres que, assim como eu, estavam indo para a academia, correndo, malhando e supreendentemente carecas. E lindas. E cheias de força. E determinadas. E com vontade de viver.
- Mas como vão olhar pra mim no escritório? Eu não quero receber olhares estranhos só por conta da minha falta de cabelos na cabeça.
- Ah então você quer usar perucas por causa dos outros? Se você quiser usar peruca por SUA causa, porque vai se sentir melhor, aí tudo bem... mas pelos outros? Oi? Olhares "diferentes" você vai receber com ou sem peruca por "n" motivos. Aí vai de você saber lidar com isso, oras. Mas não faz o menor sentido você fazer alguma coisa porque os OUTROS vão te olhar diferente.
- É... você tem toda razão.
Nunca mais pensei em colocar uma peruca. E, no fim, ainda bem que não gastei dinheiro mandando fazê-la porque o calor que fez nesse 2015 não estava escrito em nenhum gibi. Passei tanto calor de lenço, imaginem se eu usasse a tal peruca!!!
A cabeleireira terminou de raspar minha cabeça e eu até que não fiquei parecendo o monstro do lago Ness ou qualquer outro bicho horrendo. Eu continuava sendo eu, só que com um peso a menos na cabeça (literalmente). Meu couro cabeludo já não doía e as lágrimas já tinham secado há algum tempo. Minha mãe se aproximou para me dar o lenço, "se você quiser, eu raspo meu cabelo agora. Sento aí e peço para ela raspar minha cabeça também". Não, mãe, não precisa. "Tem certeza, Fê? Porque se você quiser eu raspo e fico igual a você". Tenho certeza, mãe, não precisa cortar o cabelo. Ela então pegou um tufo de fios caído no chão e colocou na bolsa "de lembrança".
Quando levantei, as outras três moças estavam olhando pra mim. Olhos arregalados, não emitiram qualquer som. Eu, em contrapartida, peguei o lenço na mão, mas não o coloquei na cabeça. Pagamos e fui me despedir da cabeleireira. Ela era baixinha, de cabelos escuros. Estava visivelmente emocionada. Perguntei o seu nome (Lú), nos abraçamos "vai ficar tudo bem! Vou ficar te esperando para fazer um corte de cabelos de verdade". Pode deixar que eu volto!
Amarrei o lenço no shorts e saí do salão de cabeleireiras. Acabei me sentindo mais leve, menos tensa... pronta para enfrentar o mundo com o meu novo visual.
"Cabelo quando cresce é tempo". (Cabelo, Gal Costa)
No primeiro dia do ano, conforme previsto, minhas madeixas começaram a cair. No início, foi uma queda um pouco "tímida". Caía um tufo aqui, outro ali, nada demais. Já no dia seguinte, a queda aumentou consideravelmente. Ao acordar, percebi que meu travesseiro e meu pijama estavam cheios de fios. Durante o dia, eu ia deixando fios por onde quer que eu passasse na casa. "Não fica passando a mão no cabelo", minhas irmãs insistiam, mas era como se falassem para a criança não pegar mais balas do baleiro cheio, ou seja, de nada adiantava. Quanto mais eu passava a mão na minha cabeça, mais tufos grossos de cabelo saíam nas minhas mãos. Fiquei imaginando como teria sido caso eu não tivesse cortado meu cabelo curto dias antes.
Fui para o banho e, ao sair do chuveiro, uma bola de fios de cabelo saiu comigo. Pedi uma escova emprestada para a minha mãe. Enquanto eu me olhava no espelho do banheiro, meus cabelos se emaranhavam cada vez mais na escovinha. Eram muitos e eu não tinha muito o que fazer. Foi deprimente ver meu cabelo caindo daquele jeito. Na medida em que passava a escova no meu cabelo, minhas inevitáveis lágrimas escorriam pelo meu rosto. "Mãe, hoje é o último dia que eu penteio meu cabelo". "O último dia dessa fase, filha!". "Sim, o último dia dessa fase, mas é o último dia".
A casa estava cheia aquele dia e eu preferi não deixar nossos convidados para ir ao centro da cidade com a minha mãe. Estava decidida, mas sabia que precisava fazer as coisas no melhor momento. Sendo assim, combinei com a minha mãe de irmos ao centro da cidade no dia seguinte. Esperei o sábado chegar (dia seguinte), acordamos, tomamos café, peguei o lenço que eu tinha comprado no natal para a ocasião e fomos de carro para o centro procurar uma cabeleireira disponível. Da janela do carro, os fios que ficavam entre meus compridos dedos eram levados pelo vento.
Tentamos o salão de cabeleireiras que minha mãe conhecia, mas estava fechado. Na mesma rua, um pouco mais à frente dali, encontramos um salão pequenino, de portas envidraçadas e paredes roxas. Uma mulher (que parecia ser a cabeleireira) estava sentada na cadeira para atender os clientes, como se estivesse esperando alguém chegar. Pedi para a minha mãe estacionar o carro e, em seguida, fomos até o salão. Além da mulher que vimos lá logo que entramos no salão (que, de fato, era a cabeleireira), havia outras três mulheres: uma recepcionista, uma manicure e uma cliente fazendo as unhas. Conversei com a cabeleireira para saber se ela podia me atender naquela hora para cortar o meu cabelo:
- ... na verdade, é mais simples do que isso: quero raspar a cabeça.
- Mas você tem certeza de que você quer raspar esse cabelo lindo?
- Sim... eu PRECISO.
- Hmmm... ok. Veja com aquela moça ali (a recepcionista) que, se eu não tiver ninguém marcado agora, eu posso te atender.
- Ok.
Enquanto fui perguntar à moça sobre a disponibilidade da cabeleireira, ela saiu do salão para cumprimentar uma amiga lá fora. Sentei na cadeira e esperei a cabeleireira voltar. Olhei para o espelho que estava na minha frente, tentando capturar, uma última vez, a minha imagem com aquela carinha e aqueles cabelos. Eu sabia que não tinha muito mais o que fazer, estava determinada.
- Posso te perguntar o porquê você precisa cortar os cabelos?
- Porque eu estou doente.
- É muito grave?
- Sim, é câncer.
- Vai ficar tudo bem.
- Dói muito? Porque meu couro cabeludo está dolorido.
- Não dói nada!
E assim, com sua mão esquerda sobre a minha cabeça, como se fizesse um carinho, ela começou a passar a maquininha com a mão direita. Realmente não dói nada. Como em uma orquestra, as lágrimas caíam junto com os cabelos. Minha mãe permanecia em pé ao meu lado, mas eu não tive coragem de olhar pra ela nem por um instante. Olhava firme para o espelho à minha frente.
Logo na primeira consulta com o Dr. (querido) Daniel, ao falar sobre o tratamento e todos os seus efeitos colaterais certeiros, ele mencionou a possibilidade de eu usar perucas. Havia falado sobre uma senhora que produziria uma peruca tão perfeita e tão fiel ao meu "cabelo de verdade" que ninguém ia perceber. Ainda sim, eu não quis. Não quis porque, dentro de mim, eu sempre ia saber que estava vivendo uma mentira. Não quis porque achei que fosse ficar estranho. Não quis porque achei que devesse enfrentar tudo de frente e da forma mais verdadeira que eu encontrasse. Enfim, não quis por "n" motivos. No entanto, teve um dia que eu pensei em colocar a peruca: um dia em que estava pensando como seria o retorno para o escritório e como seriam todos os olhares estranhos pra mim. Fossem de estranhamento, de pena, de surpresa, eu não queria enfrentá-los e pensei que a peruca fosse uma boa saída pra isso. Além disso, achei que eu fosse ficar feia, que ninguém mais fosse olhar para a Fernanda como ela sempre foi e sim, como uma outra pessoa. Nesse dia conversei com uma das minhas grandes amigas que, inclusive, passou por isso com uma pessoa muito próxima da sua família. Ela imediatamente me puxou pra realidade:
- VOCÊ ACHA QUE VAI FICAR FEIA?
- Acho...
- Não vai não.
E começou a me mostrar contas do instagram de outras mulheres que passaram/estavam passando pelo mesmo tratamento ao qual eu estava me submetendo. Mulheres que, assim como eu, estavam indo para a academia, correndo, malhando e supreendentemente carecas. E lindas. E cheias de força. E determinadas. E com vontade de viver.
- Mas como vão olhar pra mim no escritório? Eu não quero receber olhares estranhos só por conta da minha falta de cabelos na cabeça.
- Ah então você quer usar perucas por causa dos outros? Se você quiser usar peruca por SUA causa, porque vai se sentir melhor, aí tudo bem... mas pelos outros? Oi? Olhares "diferentes" você vai receber com ou sem peruca por "n" motivos. Aí vai de você saber lidar com isso, oras. Mas não faz o menor sentido você fazer alguma coisa porque os OUTROS vão te olhar diferente.
- É... você tem toda razão.
Nunca mais pensei em colocar uma peruca. E, no fim, ainda bem que não gastei dinheiro mandando fazê-la porque o calor que fez nesse 2015 não estava escrito em nenhum gibi. Passei tanto calor de lenço, imaginem se eu usasse a tal peruca!!!
A cabeleireira terminou de raspar minha cabeça e eu até que não fiquei parecendo o monstro do lago Ness ou qualquer outro bicho horrendo. Eu continuava sendo eu, só que com um peso a menos na cabeça (literalmente). Meu couro cabeludo já não doía e as lágrimas já tinham secado há algum tempo. Minha mãe se aproximou para me dar o lenço, "se você quiser, eu raspo meu cabelo agora. Sento aí e peço para ela raspar minha cabeça também". Não, mãe, não precisa. "Tem certeza, Fê? Porque se você quiser eu raspo e fico igual a você". Tenho certeza, mãe, não precisa cortar o cabelo. Ela então pegou um tufo de fios caído no chão e colocou na bolsa "de lembrança".
Quando levantei, as outras três moças estavam olhando pra mim. Olhos arregalados, não emitiram qualquer som. Eu, em contrapartida, peguei o lenço na mão, mas não o coloquei na cabeça. Pagamos e fui me despedir da cabeleireira. Ela era baixinha, de cabelos escuros. Estava visivelmente emocionada. Perguntei o seu nome (Lú), nos abraçamos "vai ficar tudo bem! Vou ficar te esperando para fazer um corte de cabelos de verdade". Pode deixar que eu volto!
Amarrei o lenço no shorts e saí do salão de cabeleireiras. Acabei me sentindo mais leve, menos tensa... pronta para enfrentar o mundo com o meu novo visual.
"Cabelo quando cresce é tempo". (Cabelo, Gal Costa)
6 comments:
Adoro seus textos, Fe! Bjos, Bêlo
Já li tanta coisa bacana em outros lugares e AQUI, mas esse texto...ai, Fer! LIÇAO DE VIDA! LIÇÃO DE AMIZADE! LIÇÃO DE AMOR! #teamfesavino #teamjanets
bjs, Fer!!! Temos um casamento em 2019 e faremos um penteado L-I-N-D-O!
Fernanda, que texto lindo!!! Eu me emocionei MUITO! Fiz Letras e me lembro de você, pelos corredores, sua cabeleira marcante, mas mais do que seus cabelos, sua personalidade. Acho que nunca conversei com vc, mas engraçado como vc foi marcante de um modo geral! Temos alguns amigos em comum no Face e acabei caindo no seu blog e me encantando com seu jeito de encarar a vida. Não te conheço, mas me dá vontade de te abraçar, de dizer que vai ficar tudo bem e que vc é admirável!
Um grande beijo
Tatiana Molini
Seus textos são lindos. Você tem tirado partido de um fato tão ácido da sua vida para descrever parte dela com um teor poético ,excepcional. Seja por aqui ou pelo Instagram tenho lido seus depoimentos, os quais vejo como lições estimulantes para qualquer um lidar com a vida como ela nos conduz, muitas vezes com agudos dissabores. Como disse, sua escrita é muito bonita e agradabilíssima, soando sempre como uma canção acalentadora. Acho que todos seus textos deveriam ser reunidos e publicados (NO PAPEL), obviamente, ilustrados com as fotos que os acompanham. A razão disso é uma imensa contribuição àqueles que tiveram ou ainda padecem dos mesmos mal-estares pelos quais vem passando.
Oreste
Ameeeei!!!
Espero ter a mesma força que você!
Ainda Não te conheço pessoalmente, mas vc já é uma amiga mais que querida!
Queremos te encontrar!!
Gêmeas do RJ, Anita e Paula
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