Sunday, October 21, 2007

* Trancada a sete chaves *



Seria um apartamento pequeno. Um teto, algumas paredes. Um lugar para dormir e acordar, umas almofadas coloridas e grandes para sentar e diversas prateleiras espalhadas. Uma escrivaninha, uma cadeira. Paredes brancas. Um banheiro. Sem telefone, sem internet. Algumas janelas - nem muito grandes, nem muito pequenas - com vidros transparentes. Algumas cortinas, caso não queira ver a luz do dia ou que queira acordar às quatro da tarde. Um lugar que ninguém saiba o endereço e nem tenha as chaves para entrar, além de eu mesma. Passaria três, quatro dias sem sair, sem ver ninguém, sem saber notícias do mundo externo. Veria apenas o que está dentro de mim. Organizaria as minhas coisas do jeito que eu quero e na hora que eu quero. Arrumaria minha cama quando eu bem entendesse. Escreveria sobre os meus pensamentos sem suspeitar que alguém estivesse lendo-os na tela por trás de mim. Ninguém entrando ou saindo sem ser convidado.
Não teria mais ninguém para assistir a minha vida. Nenhuma testemunha, apenas eu mesma. Ninguém pra me dizer que estou errada ou certa, que tenho que sair mais, que não posso só estudar, que tenho que me divertir, que trabalhar não é tudo, que não posso ficar pra sempre deitada, que a vida é pra ser vivida, que eu tenho que mudar, que o amor da minha vida um dia vai chegar, que eu tenho que conhecer mais gente (mais???), que eu tenho que pensar sempre positivo, que preciso ver as cores da vida e das pessoas... enfim, ninguém pra me encher o saco. Ninguém para mentir sobre pequenas, médias ou grandes coisas (essa seria a melhor pedida).
As fotos já não são mais as mesmas. A minha imagem nelas estão cada vez mais horríveis. Não gosto do que vejo e não sei como mudar. Ando perturbada com alguma coisa que não sei bem da onde vem e nem como explicar. É esquisito, só isso.E aí, eu fecho a porta e me tranco lá dentro, sem ninguém pra testemunhar.
By the way... odiei o esmalte.
A little privacy wouldn’t hurt anyway.

Saturday, October 20, 2007

* Being bored *

“Como uma pedra que divide o rio
Me diga coisas bonitas..


A vida inteira eu quis um verso simples
Pra transformar o que eu digo...”

(“Mais feliz” – Adriana Calcanhoto)

De repente meu mundo acordou sem cor. Sem vida. Sem vontade. Não sei muito bem aonde foi que ela se perdeu, apenas sei que não está mais aqui. Saiu por alguma frestinha ou escapou por entre os meus dedos. Na verdade, acho que não pode ter escapado dos meus dedos, pois nunca esteve nas minhas mãos de fato.
Fico imaginando como as coisas seriam diferentes se.. se... se... sempre “SE” e não o que realmente são. Faço diversas hipóteses, dispo possibilidades, viro idéias do avesso, mas sempre na condicional. Sempre dependendo de algo. Ou de alguém.
Escuto conversas e observo pessoas e fico imaginando como as coisas podem ser assim. Uns tão sonhadores, outros tão cruéis consigo mesmo. Presto atenção em cada pequeno detalhe tentando entender ou achar uma lógica razoável, uma explicação plausível para a torrente de informações e mais uma vez, nada acho. Claro que parto dos meus valores para enxergar o mundo (e quem não parte?) e eles estão tão arraigados em mim que parecem estar por baixo da minha pele, da onde não dá para tirar e se eu quiser, dói, machuca, irrita e faz pequenos hematomas. Por conta destes mesmos valores que acho tão difícil ver as coisas como elas são. Sempre tento olhar por um lado positivo, mesmo que não haja nenhum. Procuro uma resposta boa em meio ao caos, uma luz no fim do túnel, mas quando me deparo com a realidade – nua e crua – fico magoada. Magoada por olhar para dentro de mim mesma e ver que não sou assim ou não consigo tais proezas. Triste? Talvez seja, pois já faz um tempo que a minha busca incessante não vai a lugar algum. Antes porque sempre girava em círculos, como um oroboro. Agora ela anda para frente, mas parece uma estrada sem fim. Sem nada encontrar.

Tuesday, October 16, 2007

* Way too much... exposure! *

Ok, admito. Andei cometendo pequenas loucuras. As classifico como "loucuras", pois não são parte alguma do meu cotidiano, ou seja, das minhas ações rotineiras. Eu como uma própria capricorniana - tanto no signo quanto no ascendente - penso, repenso e penso mais um pouco antes de agir. No entanto, às vezes, me pego fazendo coisas atípicas: falando o que não devia, mandando mensagens e e-mails com idéias, muitas vezes, sem algum sentido e sem objetivo também. Bem, na verdade, com algum objetivo sim, mas quase sempre, nessas horas, não consigo pensar em silêncios prolongados vindos da outra parte. Por outro lado, também não consigo imaginar grandes coisas... talvez para não criar expectativas, se é que isso é possível. Ou, talvez, para não alimentá-las ainda mais. Só não consigo imaginar...
Sempre há a esperança, por menor que seja, de receber aquilo que queremos ouvir da boca dos outros. Nem precisa ser tão sério, só precisa acariciar meu ego de alguma maneira. Tocar, assim, nem que seja de longe. Faz bem para os ouvidos, para o corpo e para a alma... e por que não para os olhos também?
O maior problema que eu vejo nisso tudo é a exposição que eu mesma estou me colocando, sem pensar nas conseqüências de um futuro que pode estar mais próximo do que parece.
E o pior é que ainda pessoas que não conseguem, de maneira alguma, me encarar nos olhos...
Way too much exposure... whatever!

Sunday, October 07, 2007

* Abraços *


Que é um abraço?
Um abraço
é um laço
feito com o braço
e com o coração.

(de Laura Góes)

Adoro abraços verdadeiros. Abraços com os dois braços, bem apertados e cheios de carinho. Abraços que trazem significados diversos. Abraços que dizem mais que palavras. Podem ser esperados, podem ser de surpresa, podem ser de alegria, de tristeza. Podem ser para amenizar a dor, para confortar o outro. Podem ser pra dizer que ali há amizade, companheirismo. Podem ser de saudade, podem ser de brincadeira. Podem ser, simplesmente, pelo lindo gesto que são. São sempre gostosos. São sempre bem-vindos!
(*) Foto antiga de um amigo querido que eu morro de saudade!

Tuesday, October 02, 2007

* Reorganizar *

Ok, fui obrigada a parar. Não teve jeito, resisti até onde eu pude, mas não deu. Tive que desacelerar... assim, de repente. Primeiro não conseguia mais andar direito, depois fiquei engessada. Engessada para tudo, para minha vida, meu trabalho, minhas aulas, meu tudo. Tive que parar. Não por querer, mas porque quiseram assim. Eu precisava, eu sei disso, mas nunca queremos enxergar o problema dentro da gente.

Fui obrigada a parar e pensar sobre o que eu não queria. Pensar sobre o que eu mais queria. Rever meus conceitos. Reorganizar o caos interno e externo. Anda tudo meio fora do lugar ao mesmo tempo que parece tudo tão organizado. Não está do jeito que eu quero, longe disso. As coisas vão se encaixando aos poucos, não adianta fazer tudo em apenas dez dias... as coisas mais urgentes acontecem primeiro. E vem o choro, a desilusão, o tédio. E aí você percebe que nem todo mundo é assim tão preocupado com aquilo que pra você é de maior valor. E aí você percebe que nem todo mundo tem todo o tempo do mundo pra te consolar / paparicar/ mimar. O lado bom, no entanto, é que sempre sobre uma ou duas mãos de número de pessoas que estão realmente interessadas em serem humanas e sentirem.

Fui obrigada a olhar pra dentro de mim e, confesso, não é uma tarefa nada fácil. E esse foi o começo... ainda não descobri praticamente nada. Meus olhos apenas começaram a se abrir para uma nova forma de me ver. Tá.. ainda tenho aquela idéia preconceituosa de sempre, mas ela há de mudar... dia mais, dia menos, ela vai mudar.

A mudança começa de lá de dentro, do ponto primeiro que está bem escondidinho não sei onde. Só sei que penso ter conseguido atingi-lo de alguma maneira dia desses, pois a angústia, até certo ponto, passou.

Ok, aparentemente tudo parece organizado, né? A estética até que está mais ou menos, mas ainda não está do jeito que eu quero. Nem do lado de fora, nem do lado de dentro. Mas, passo a passo, livro a livro, a minha vida vai se encaixando aos poucos numa prateleira ou num eixo qualquer que eu escolher pra seguir... pelo menos, por enquanto.