Parece até que eu acordei de um sonho. Ele sempre esteve ali. Ela passou a existir, ao menos pra mim, de uns meses pra cá. Eu sabia da existência dela, tinha plena consciência. E, pra não me deixar esquecer, eu sempre poderia consultar alguns meios de comunicação e eu lembraria do seu rosto e de que ela é a namorada dele de fato.
Os fatos não mentem, os olhos também não... mas as pessoas dizem (e eu concordo!) que o que os olhos não veem, o coração não sente.
Vi uma vez. Senti uma vez. Fiquei mal, chorei, mandei e-mail falando tudo o que eu sentia, recebi uma resposta que nunca tive vontade de responder. Guardei. Os dias passaram e, conforme o previsto, eu e ele nos encontramos novamente. Um encontro que eu tenho plena consciência de que ainda teremos tantos outros pela frente, afinal, estamos no mesmo ambiente. Convivemos. E nos damos muito bem... tá aí o problema.
No primeiro encontro, foi tudo estranho, superficial. Minha transparência me impede de esconder meus sentimentos, meus desgostos, minhas tristezas... minha sutileza, nessas horas, é inexistente e minha ironia surge como um vulcão em erupção. Mais uma vez falei. Falei um monte, falei tudo, até que as tímidas lágrimas aparecessem.
Ficamos um tempo sem nos falar direito. Eu quis assim. Era o melhor assim, ao menos pra mim. Ele se incomodou com a situação. Mesmo assim, não estava convencida e sentia muita falta dele. Falta de ter com quem conversar... alguém que me entendesse e que não me julgasse em determinadas situações. Alguém que tem um passado muito parecido com o meu, um presente tão atribulado quanto e um futuro incerto... que tem as mesmas perguntas sem respostas, as mesmas indagações, mas que tem tantos outros mistérios que eu já deixei de querer desvendar.
Enfim, depois de tudo, as coisas até que estavam correndo bem. Eu sabia - sempre soube desde o dia "D" - da existência dela, mas, em algum lugar de mim, isso talvez ainda fosse uma negativa de realidade. Voltamos a nos falar e conviver intensamente. Nos falamos muito e sempre e, foram poucas as vezes que realmente me incomodei em dar atenção ao que realmente sentia.
Ontem, entretanto, sofri o meu choque de realidade. Senti na pele o que é assistir a felicidade dos outros e ainda levantar pra aplaudir, quando, na verdade, não era para eu estar na plateia, mas sim, sendo a aplaudida. Pela primeira vez eu ouvi "minha namorada" e, em seguida, vi que ela existe pelo celular dele. E foi sem querer, sem intenção. Fiquei transtornada. Pra mim, era como se ela sempre tivesse estado lá, mas como se eu nunca tivesse realmente dado importância para a sua existência. Não que tivesse passado pela minha cabeça alguma vez que ele estava livre e desimpedido, muito longe disso, eu tenho respeito por ele, por ela e sobretudo por mim mesma... mas é como se alguém tivesse me dado um "chacoalhão" e tivesse dito: acorda e para de sonhar, trouxa!
De repente, me sinto toda perdida de novo e vejo, mais do que nunca, que todos ao meu redor têm razão sobre essa situação. Eu só não encontrei ainda a chave para fechar a porta atrás de mim, deixando de viver na condição de telespectadora da felicidade alheia e ir, defintivamente, em busca do meu caminho.
O caminho da fuga é logo ali.
3 comments:
Tô em Jerusalém. Volto logo. Beijodaí.
Fernanda, é incrível que você possa traduzir tão bem tudo o que sente.
Também me aconteceu o mesmo, mas não quero fechar a porta atrás de mim.
Beijos!
Neste caso, é mais do que necessário eu fechar a porta... não dá mais pra viver fechada em mim mesma...
Obrigada pela visita!
Beijos
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