(Ainda lembro - Marisa Monte)
Certos momentos ela tenta se concentrar e não consegue. Não consegue porque está cansada, ou por estar com sono, ou por querer fazer outra coisa, ou por estar preocupada com outra coisa, ou, ainda, pelos pensamentos que, sorrateiramente invadem sua cabeça e trazem lembranças diversas. Lembranças de momentos bons e ruins, da infância, da família, dos amigos, da escola, da faculdade, das irmãs, de um ou outro ex-namorado... apenas lembranças. Elas vêm, certamente, para dar mais saudade daquilo que se foi, mas, por outro lado, para mostrar o quanto as coisas têm mudado ao seu redor. A infância já foi há algum tempo... os brinquedos e as bonecas foram substituídos pelos livros e as roupas sérias. O ideal de família feliz e perfeita, onde todos riem de tudo e uns apóiam os outros, foi trocado pela realidade “nua e crua” que nem sempre é o que parece. Os olhos daqueles que estão de fora tudo vêm de forma diversa, com simplicidade. Os olhos daqueles que estão inseridos naquela realidade, não conseguem enxergar e sentir da mesma forma. Os amigos mudaram também. Alguns permaneceram e, talvez, permanecerão até o resto de suas vidas. Outros apenas passaram e trouxeram alguns ensinamentos. A escola continua sendo a mesma, no entanto, foi deixada para trás ao entrar na faculdade. A faculdade também continua sendo a mesma, mas foi deixada para trás quando a festa de formatura terminou. As irmãs cresceram, e estão crescendo a cada dia. Deixaram as fraldas para trás e abraçaram seus ideais e pensamentos como “gente grande”. Cada uma com um jeito diferente, mas com uma essência muito parecida. Valores extremamente enraizados e parecidos até certo ponto e divergentes em tantos outros. Ex-namorados, quem não os tem? As lembranças invadem seus pensamentos... às vezes com saudade de um tempo que já se foi... às vezes de uma pessoa que a ajudou a perceber certas coisas em si mesma... às vezes daquela pessoa mais boazinha do mundo que trazia chocolates quando ela estava doente... até mesmo daquela que maltratou, tentou estragar sonhos e não conseguiu. Aquela outra que deixou uma mistura de amor, ódio, paixão, dor e carinho...
Tudo isso ficou para trás como o curso natural da vida prevê. Mas ela ainda consegue lembrar de cada detalhe, cada cheiro, cada cor passada. Cada gesto, cada olhar, cada criancice, cada bobagem... as lições, as broncas, as palmadas do pai, os acolhimentos da mãe, as brincadeiras da tarde, as sessões da tarde, as irmãs de fralda, seja dançando na frente da TV com os ursinhos “Fofys”, seja com a boca quadrada por conta das quatro pilhas que lá dentro estão. Os beijos e abraços apaixonados trocados durante os últimos anos. O primeiro beijo, o primeiro amor de verdade, a primeira lágrima dolorida, a primeira viagem, a primeira bebedeira... até a primeira balada... hehe
Tudo isso anda com ela e sempre andará de uma forma ou de outra. Seja para lembrar com saudade, seja com carinho, seja com tristeza de não ter podido ser melhor. Talvez tudo isso, simplesmente, tivesse que ser assim. Talvez não. Não pode mudar mais o que passou, somente o que está por vir.
Essas lembranças apenas invadem sem bater na porta... e, muitas vezes, reabrem feridas ou cicatrizam aquelas abertas. Isso talvez seja viver!
4 comments:
Foto por João Viegas (sem nome)
Posts andam meio corridos.. mas faz parte da vida!!!
bjocas a todos!
Hmmm... E vc disse tudo, em tão pouco: "Não pode mudar mais o que passou, somente o que está por vir."
Ah... um dia eu também consigo, Fê.
E... se me permite, acho que isso (de não poder mudar o que passou, mas fazer valer a pena o que está por vir) é que, de fato, é viver.
Beijocas, Fezoquinha!
Adoro vc!
E... Nêuras atualizadas, tá?
Hm... misto de alívio e de angústia ao ler seu texto.
O pior é quando as lembranças boas são justamente as mais distantes possíveis.
Viver, crescer, desempenhar-se!
Bom saber que talvez eu seja parte dessas lembranças...ruim saber que talvez esteja no quadro das ruins...mas é a vida! Beijos!
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