Saturday, February 23, 2008

~ Around the world #2 ~


Quando estava em Roma em Julho de 2005, resolvi pegar um trem para ir visitar la bella Venezia. O trem saia às 23:30 / 0:00. O intuito era de, justamente, dormir no trem e passar o dia em Roma, para retornar no trem das 18:00.
Era a primeira vez que eu pegava algum trem na Itália e bem na minha “divisão” tinham os 5 lugares ocupados mais o meu. Nos cinco lugares tinham 3 italianinhos escoteiros – 2 meninas e 1 menino –; um moço muito alto cujas pernas nem cabiam direito no espaço – coitado – de cabelos cumpridos, mais ou menos na altura dos ombros; um argentino todo falante que estava indo trabalhar em outro país, mas decidiu passar algumas horas em Veneza antes de seguir o seu caminho e a brasileira aqui.
A viagem foi tranqüila e, como sempre, fiz amizades com as pessoas que lá estavam, afinal, teríamos que dividir o espaço por um bom tempo mesmo... os escoteiros com suas roupinhas impecáveis azuis eram muito simpáticos. Até trocamos e-mails mas, para falar a verdade, nem sei aonde os anotei, pois lá na Itália era impossível ter tempo de mandar e-mails para eles, afinal, meu tempo na net era contado e quando voltei aqui para o Brasil, quase dois meses depois, poderia garantir que eles não lembrariam da tal brasileira do trem para Veneza.
A pessoa com quem mais acabei fazendo amizade foi o falante argentino. Ele era muito risonho e muito simpático. Não lembro com o que ele trabalhava – detesto não lembrar as coisas, mas fazer o quê? – mas lembro que ele estava indo para algum país do leste europeu trabalhar, no entanto, teria um tempinho para gastar e queria porque queria conhecer la bella Venezia. No fim, ele acabou me acompanhando nestas poucas horas na Pizza San Marco e nas inúmeras pontes, tirando fotos e me fazendo companhia.
A única pessoa que não falava nada, mas que olhava muito pra gente – não sei se por incômodo ou porque, talvez, quisesse participar da conversa – era aquele homem alto que lá estava. Ele era muito alto e, apesar de não ser um tipo “todo sorrisos” e “prazer, meu nome é Sr. Simpático”, ele parecia ser uma pessoa muito interessante, mas de difícil acesso. Tinha os traços muito marcantes e bonitos no seu rosto que, ao mesmo tempo, eram peculiares, não dando para caracterizar de que país provavelmente ele vinha.
Enfim, depois de cochilarmos – bem mal, por sinal, afinal eu, com as minhas perinhas cumpridas também não cabia direito naquele espacinho com tanta gente empoleirada – acordamos novamente e os escoteiros já tinham descido, naquele momento éramos somente três pessoas. Eu o argentino não nos contentamos e na primeira oportunidade que tivemos, puxamos papo com o cidadão que ali se encontrava. Eu, como sempre, dando a minha “cara a bater”, tentei falar em italiano com o cara e em inglês e, no fim, descobri que ele não falava o primeiro e “male male” falava o segundo, mas era o único que se fazia compreender. Ele falava alemão, mas este, infelizmente, nem eu nem o argentino falávamos.
Desta forma, consegui descobrir da onde aquela figura havia surgido: Kosovo. Sim, sim, ele era nascido no Kosovo, mas morava na Alemanha desde pequeno. Apesar de toda a dificuldade da comunicação, consegui ainda conversar com ele e tentar falar sobre a guerra que havia ocorrido em 1999. Ele, por sua vez, ficou muito surpreso que eu soubesse de tal guerra – mal sabia ele que no Brasil, ao contrário de alguns países “umbiguistas” a gente tem informação de tudo quanto é canto... às vezes, até demais – e o seu rosto até iluminou-se quando eu disse que conhecia Kosovo pelas reportagens e pelas coisas horríveis que lá tinham acontecido. No entanto, para a minha tristeza, por assim dizer, ele não estava em Kosovo quando ocorreu a guerra, pois, como havia mencionado, ele já morava na Alemanha neste espaço de tempo. Ele morava com os seus pais e já tinham saído da província há muito tempo...
Apesar disso, fiquei muito feliz por ter conseguido me comunicar com uma pessoa que era de um lugar do qual jamais imaginaria conhecer um dia alguém.No fim, eu e o argentino paramos em Venezia e o kosovar seguiu o seu caminho... mas posso dizer que a viagem, apesar de tudo, teve um gostinho ainda mais especial, afinal, conheci uma pessoa de Kosovo...

2 comments:

marcos said...

Que meigo. Mas odeio dizer que acho que aquela terrinha ainda vai dar muita dor de cabeça para o mundo. Não por eles, de forma alguma. Mas pelos interesses de gente-grande.

Ah e somos brasileiros, antenados, lemos jornais, assistimos o Jornal Nacional, Jornal da Globo, Bom Dia Brasil! Você foi uma Embaixadora da nossa inteligência!

Flavia Melissa said...

amo, adoro e venero.
mais ainda agora que sei que vc conhece alguém de kosovo!