Quando não se tem um relacionamento assumido e convencional, nunca se sabe aonde o limite vai parar entre o querer e o poder.
Aprendi com as minhas últimas experiências que cobrar as pessoas não é nada saudável, nem pra mim, nem pra elas. Aprendi também que não posso demonstrar meus sentimentos. Nada de me expor, afinal, as pessoas não estão preparadas para receber carinho. Ou será que sou eu que não estou pronta para receber o silêncio alheio diante da minha demonstração?
Ainda sim, não aprendi a me desprender dos meus medos e da minha falta de coragem em olhar olho no olho para conversar coisas que não estão bem. Pelo menos pra mim.
De repente uma ficha caiu, como se eu tivesse acordado de um sonho bom. Percebi que eu estou num lugar em que o outro não está. Que quero mais, quero sempre, quero agora. Queria estar mais por perto, compartilhar mais... mas não só com o meu ombro amigo, mas comigo por inteiro. E é aí que esbarro numa linha tênue, quase que invisível entre nós.
Enquanto eu quero ganhar aquele abraço de despedida demorado e apertado, ele quer ir embora. Enquanto quero conversar e saber de todas as coisas que tem acontecido, ele quer ler um livro e não ser incomodado. Enquanto eu espero até o último minuto apenas para conseguir alguns poucos minutos da sua atenção a sós, ele pensa em ir pra casa.
O fato é que não quero lembrar o outro da minha existência: quero apenas ser lembrada por ser quem eu sou. Por ser alguém na vida dele. Alguém que vai além daquela que senta perto só pelo simples fato de estar lá, seja mal-humorada ou não. Alguém que ele sinta falta, que ele mande mensagem quando ver alguma coisa legal... alguém que ele convide para sair ou até mesmo pra ir ao boteco da esquina para passar 20 minutos. Apenas alguém diferente.
E é assim que percebo que uma das linhas se quebrou entre o meu gostar de verdade e a minha indiferença.
2 comments:
Infelizmente, entendo exatamente o que voce esta dizendo. Nao estou acostumada a ser apenas uma, ja que ninguem é apenas um para mim. Como voce me disse algumas vezes, nao precisamos ter vergonha de nao ter sangue de barata. Afinal, melhor sentir, gostar e amar do que viver em um vazio, sempre deixando as pessoas de fora.
Mas, Fe, fico pensando que nao é possivel sempre encontrar pessoas que querem nos ter como pano de fundo.. Uma vez me disseram: toda mulher tem exatamente o relacionamento que quer/procura ter. Isso me chocou muito, mas sera que nao é verdade? Sera que nao nos acostumamos tanto a ser desse jeito que sequer abrimos portas para outras pessoas que fariam diferente? Porque as vezes eu percebo que nao mudo a situacao porque nao quero me desprender do drama todo.
Falo isso mais pra mim do que pra voce, mas dizem que sempre que quisermos mudancas, precisamos mudar nos mesmos primeiro, nosso modo de ver o mundo, de sentir as coisas. As vezes penso que olho muito pro outro e, quando olho pra mim, olho tentando imaginar o que o outro ve. Talvez seja a hora de olhar pra mim primeiro e, quando olhar pros outros, tentar imaginar o que eu vejo...
"Ou será que sou eu que não estou pronta para receber o silêncio alheio diante da minha demonstração?"
Eis o que considero mais importante de se refletir!
Doar requer algo em troca?
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