Ela olha pela janela. Já anoiteceu, as luzes se acenderam lá fora. Ali dentro continua escuro, sombrio. Não sabe muito bem o que procurar, pois não tem certeza se de fato quer encontrar alguma coisa.
Pousa o queixo sobre os braços cruzados e não se cansa de pensar. Pensa sobre os clichês da vida e os tapas na cara que anda levando. Toma outro gole. E mais outro. Tira seus óculos para ver se assim consegue enxergar melhor. Quer vasculhar aquela paisagem pra saber se ainda há algo ali. Se ainda resta alguém.
Hesita diante de tudo isso. Será que saberia lidar com as mudanças que a vida vem tentando lhe oferecer? Vasculha lá dentro de novo. E tenta enxergar aquilo que é inalcançável aos seus olhos. Alguns fios de cabelo escapam e recaem sobre a sua testa. Não se importa. Não sabe mais o que exatamente a vida quer lhe mostrar com tudo isso. Perde as forças e a vontade diante de tantas novidades. E se confunde por não entender os porquês.
Os sons dos carros lá embaixo diminuem ao passo que tantos outros sons aumentam dentro da sua cabeça. Não entende porque sempre se acha tão errada em tantas situações. Não entende o porque querer determinada coisa é tão difícil e tão inalcançável. Será que está sempre errada, como sempre se julga estar?
Outro gole passa pela garganta que já não quer mais se abrir. Querendo calar seus pensamentos, fecha seus ouvidos. Em vão. Fecha a garrafa, isso tudo não faz mais sentido. A cidade já não é mais a mesma. E ela também não.
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