Querendo esquecer da realidade, tomava um outro gole da pinga. Seu casaco mostarda, seu boné escuro e os cabelos meio grisalhos se misturavam naquela figura.
Estava andando vagarosamente sobre o viaduto. Falava sozinho. Falava qualquer coisa e gesticulava com apenas uma das mãos (a outra, era ocupada pela pinga). Parecia que queria fazer com que o mundo o ouvisse. Mas, ninguém escutava. Os carros fechavam suas janelas como se quisessem dar as costas àquele indivíduo.
Ele olhou para a minha direção e logo desviou o olhar. Alguém o observava. Eu ali, tentava decifrar as palavras jogadas ao vento. A plateia era exígua.
Se virou, e tudo o que pude ouvir foi um toma pra vocês. Atirou um pequeno pedaço de barbante desgastado na via que passava por baixo do viaduto. Barbante tão pequeno que nem servia para uma possível tragédia.
A garoa fina começou a cair e, aquele casaco mostarda, foi se deixando descer pelo viaduto.
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