Sunday, June 28, 2009

Desabafo

Ela chegou em casa e mal se despiu e foi escrever. Foi escrever na escuridão de um quarto onde outra pessoinha dorme e nem sonha com a tristeza que há no seu coração.
Ela não brinca com o sentimento alheio e se sente uma pessoa pior por acreditar que ainda há pessoas assim no mundo. Malditas expectativas. Malditas esperanças depositadas no outro.
Ele, por outro lado, acha que um e-mail resolve tudo. Ele não a beijou por e-mail, não a sentiu por e-mail, mas acha que o e-mail é a maneira correta de dizer as coisas, já que não consegue dizer na cara que não quer mais nada. Ela, num primeiro momento, não entendeu nada do que estava escrito. Ela acha que as coisas não devem ser desta maneira, pois sempre foi muito sincera em seus pensamentos e sentimentos e apenas queria olhos nos olhos dizendo o que realmente o outro está sentindo e nada mais. Sinceridade é tudo que se pede neste momento. E só isso, nada mais.
Se enche de expectativas de uma pessoa que não está preocupada com o que está acontecendo. Simplesmente não está. Ele sabia que ela não estava bem, mas não falou uma palavra sequer de consolo. Abraçou um abraço apertado apenas confortável, mas não quer saber o que está acontecendo de fato. Sai. Se preocupa com outras pessoas e coisas que acontecem lá fora. Não manda uma mensagem sequer depois. E ela, por sua vez, senta, espera, derrama uma lágrima.
No fundo, ela não é a pessoa forte que todos pensam. Ela tem sentimentos e ela vive deles como se fossem as coisas mais importantes na sua vida. E se decepciona também com as pessoas ao seu redor que se fazem de suas amigas ou que se aproveitam de determinadas fragilidades.
O outro sequer se despede. Apenas dá uma rosa vermelha que, mais tarde, será despetalada. Despetalada como seu coração foi, mais uma vez. Camada por camada, sem dar chance para o desabrochar.
Quando ela chega em casa, ainda tem que se deparar bem ali na sua cara com as iniciais da outra dizendo que deve se fazer algo nunca feito para se ter o que nunca teve. E, assim, ele deixa ainda mais claro que essa que o lê é apenas mais um nome de um passado próximo.
A verdade é que ela não quer mais criar expectativas. Quer deixar-se viver da melhor maneira possível, longe daqueles que ela julga serem insensíveis aos seus sentimentos.
Quanto a ele... bem, ele vai ver aonde está se envolvendo e, certamente, verá uma porção de coisas que agora, na visão quase cega dele, são imperceptíveis, pois não quer enxergar como a outra realmente é.
Quanto à ela, sua tristeza irá embora e ele não mais a machucará, ou melhor, ela não mais criará falsas expectativas em cima das pessoas erradas. Ficará longe dos sentimentos e das desilusões. Os tombos são sempre realmente grandes e as falsas promessas ainda maiores.
Os planos se foram sem ao menos ter uma explicação lógica. As fantasias e os sonhos se desmancharam como um toque de mágica e, como ele mesmo disse - provalmente não para ela - "Irreal como tudo aconteceu."



*Sofremos do mesmo mal: Fundo de Garrafa: Um ou em um (num)

4 comments:

marcos said...

Não, não pense que gosto de ser assim. Mas é o que me resta. Então, azar de quem não gosta.
Se você pensa também assim, digamos uníssonos em alto e bom som: fodam-se!

Beijodaí.

Fernanda S. said...

Ainda bem que existem pessoas como você!

Adoro =)

E, claro... fodam-se eles! hahaha

Lívia Possi said...

Não é errado criar expectativas. Vivemos de esperar pelo melhor de nossos planos e metas, inclusive quando o assunto é o coração.
A questão é criar falsas expectativas em cima das pessoas erradas: não há pessoas certas para depositarmos nossos sonhos, senão nós mesmos, e o erro maior é querer que nossos idealismos serenos passem pra esse mundo real, que não é nada legal.
Diz pra ela que há o que possa ser feito, que nada está perdido. É só parar e pensar.

=)
amo.

Beijo!

Fernanda S. said...

Olha, nesses pontos tooodos que vc colocou, Li, eu concordo totalmente com você... e acho também que sou muito parecida com ela... sempre pondo todas as minhas melhores expectativas em pessoas que, simplesmente, não estão nem aí pra mim...
Mas adorei que vc voltou a "me" visitar e adorei mais ainda o seu comentário... é a mais pura verdade!

Beijosss, lindona =)