Thursday, January 25, 2007

* Domingos *


"Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de Domingo..."
(Um dia de Domingo - Tim Maia)

Domingos podem ser completamente entediantes ou inteiramente peculiares.

Este último Domingo foi muito engraçado. Acordei cedo com a Fabi e todos os nossos planos foram logo por água abaixo. Havíamos planejado de ir até a USP e eu então ensinaria minha principiante no volante a dirigir.... claaaaaaro que ia chover! Acordar cedo, em pleno Domingo e ainda ensinar minha irmã do meio a dirigir?! Só poderia vir chuva. Mesmo assim, não desisti de acordar cedo e eu, a Fabi e o papai acabamos indo à nonna só para fazer uma visitinha e levar algumas frutinhas. Fazia muito tempo que eu não ia até a casa da nonna. Aliás, deixa eu explicar, a nonna é minha “avozinha” italiana que tem 84 anos. É aquela que quando você chega ela mal espera você completar o seu "O-i" para já enfiar uma coxinha na sua boca e dizer que você está magrinha. Coisas de vó italiana! E, para ela, eu sempre estou magrinha... mas é algo óbvio, pois ela sempre me compara com a minhas irmãs que têm, de fato, belas e grossas coxas... bem maiores que as minhas. E eu? Sempre fui magrinha e quando passava alguns tempos na casa da nonna eu sempre voltava com "alguns" kilinhos a mais e o médico já se apressava em afirmar: “Já sei, foi passar as férias na casa da nonna”. Também, o que ele queria?! Um belo café da manhã, depois o almoço de macarronada, bife, salada, braciola. À tarde, um “lanchinho”, depois a janta com mais sopa de macarrão, carne, salada, pão e ainda um "leitinho" ou o famoso "letucho" antes de dormir. Será que alguém engorda assim?! Imagina...

Mas, enfim, fomos até a nonna e confesso que ri muito com ela! Você não imagina como pode ser engraçada a sua conversa com a sua avó que fala italiano, dialeto e português tudo misturado... e o que ela não lembra, afinal são 84 anos, ela inventa! Interessantíssimo! O mais legal é você falar palavrões em Italiano... ela se diverte! E é uma risada tão gostosa, quase que de uma criança! É interessante, pois ela mal lembra meu nome (deixe-me explicar: primeiro ela me chama com todos os nomes de todas as netas por ordem de idade: Vânia, Sandra, Patrícia, FERNANDA!), mas ela sempre lembra de coisas ou pessoas que não seriam tão necessárias assim na conversa. Ela também fica apavorada quando eu digo que não vou me casar, que vou ficar solteira pra sempre... ela tem sempre a “saída”: devemos ir pra Itália e lá sim encontrarei o grande amor da minha vida, pois os “italianos são carinhosos, gentis, lindos, enfim, homens maravilhosos”. Devo confessar que me divirto de verdade com ela! Uma certa vez eu levei um namorado na casa dela e comecei a brincar dizendo que ensinaria a ele um pouco de Italiano... ela se divertiu tanto, pois eu só falava besteiras e ela me batia para não ensinar isso ou aquilo a ele, mas, ao mesmo tempo, ela ria uma risada gostosa, com uma ingenuidade que só os mais velhos e mais sábios podem ter a certa altura da vida.

O nonno, por sua vez, fica lá no cantinho dele com suas eternas palavras cruzadas. O mais legal é que elas são eternas mesmo, uma vez que ele faz a lápis para depois de um tempo apagá-las e refazê-las pela vigésima vez.

A tia Rô também tem sua parte importante na casa. Aliás, é uma das mais importantes até mesmo porque ela fica atrás do nonno vendo o modo com que ele lava as roupas e as deixa praticamente engomadas de tanto sabão e amaciante – que, aliás, de nada adianta no caso dele – que ele faz questão de pôr. E, ao mesmo tempo, fica com a importante tarefa de cuidar da nonna 24 horas por dia...

Apesar de não ir muito até lá, mesmo sendo do “ladinho” da minha casa, sinto uma falta enorme daquela que um dia já foi minha casa também e que tantas vésperas de natais me acolheu enquanto minha mãe trabalhava na loja. Sinto falta de deitar no sofá da nonna e ficar assistindo Sessão da Tarde sem nenhum compromisso, enquanto a própria nonna ficava fazendo seus intermináveis crochês. Ou de quando eu e o Otavinho dormíamos lá e aprontávamos na vila... jogava bola, tentava andar de skate, patins, bicicleta... Ou até mesmo do macarrão da nonna (o melhor que já comi em toda minha vida, seguramente!) e, claro... sinto falta dos Domingos em que a família toda se reunia e não havia espaço para todos à mesa... netos na sala, na cozinha, filhos e mais velhos à mesa principal... bons tempos! Bons Domingos...

3 comments:

Fernanda S. said...

Foto: "O futuro, ainda a dormir" por José Manuel Durão

Achei linda a imagem do bebê dormindo.. até mesmo porque além de o Domingo em si ser um dia preguiçoso por excelência, os mais velhos também podem ser comparados com pequenas crianças ingênuas, mas com uma sabedoria avançada!

Anonymous said...

AIIIIIIIIIIIIIIII

que fofinho.... q saudade!!!
realmente, aquela casa tem muuuita historia p conta ne fe....

saudade mesmo!

bjaoo

Fernanda S. said...

Gostoso, né, Bibi?!?!?! Pois é, precisamos de uns Domingos mais "família", right?! kkkk
Mas tem que ter direito a "Caloi Cross" e "Game Gear"... kkk
bjinhosssss